SUPERMAN NOS CINEMAS – PARTE II

Em 1983, depois de contabilizarem os lucros de “Superman II”, os Salkinds chamaram novamente o diretor Richard Lester para dirigir a continuação, intitulada “Superman III”. O primeiro trabalho de roteiro do filme, feito pelo Ilya Salkind, mostrava uma aliança entre Brainiac, Mister Mxyzptlk e Supergirl, porém a Warner Bros. vetou esse roteiro. Nesse roteiro a versão do Mr. Mxyzptlk seria totalmente diferente de sua contraparte bem-humorada dos quadrinhos, visto que ele usaria seus poderes de alterar a realidade para causar sérios danos, o ator Dudley Moore já estava sendo sondado para interpretar o vilão.

Enquanto isso, no mesmo tratamento, Brainiac, oriundo do planeta Colu teria achado a nave da Kara Zor-El, assim como os Kents tinham descoberto a do pequeno Kal-El. Não temos como saber como essa versão seria, mais acho que seria melhor do que a versão do cinema.

Com a recusa do primeiro roteiro por parte da Warner Bros. outra trama começou a ser escrita,  cujo trama pretendia trazer um embate entre o Super-Herói Kryptoniano contra uma versão sua maligna, uma espécie de Superman Bizarro, que seria controlado por Lex Luthor e pelo computador vivo Brainiac. Porém Lester decidiu levar o filme para um lado mais cômico.

Alguns meses antes do inicio das filmagens o comediante Richard Pryor havia comentado, em uma entrevista ao Johnny Carson no programa Tonight Show, que era um grande fã dos filmes do Superman… Pronto, isso foi o suficiente para que o estúdio o contrata-se, na tentativa de atrair os fãs do Pryor.

Superman e August “Gus” Gorman (Richard Pryor)

Em decorrência dessa escolha o personagem Brainiac foi adaptado para um malandro chamado August “Gus” Gorman, que ao fazer um curso de informática se descobriu um verdadeiro gênio da informática. Já a briga de Gene Hackman com os Salkinds continuavam, e por causa disso seu papel de Lex Luthor foi substituído por um empresário inescrupuloso chamado Ross Webster, para esse papel Lester contratou o ator Robert Vaughn, que com a ajuda do Gus consegue sintetizar uma versão da kryptonita verde, porém em decorrência de uma falha na composição química a kryptonita sintética, em vez de matar o Superman, acabou causando uma alteração na psique do herói, o que resultou em uma mudança de comportamento, deixando o Homem de Aço, desinteressado pela humanidade, quase ficando maléfico.
Além do Hackman outra atriz sofreu represarias por parte do diretor e dos produtores, por não concordar com a saída de Donner. Margot Kidder, a Lois Lane, que teve apenas duas cenas durante todo o filme, uma no inicio, onde ganhava um sorteio para viajar para o Havaí e outra no final do filme, mostrando seu retorno ao jornal. No lugar de Lois Lane, os roteiristas foram até o passado do personagem e trouxeram a personagem Lana Lang, colega de escola e o primeiro amor platônico do jovem Clark Kent, ela foi interpretada pela atriz Annette O´Toole. Uma curiosidade, Annette O´Toole foi a escolhida para interpretar Martha Kent, mãe adotiva do Clark na série “Smallville”.
De todo filme apenas uma sequência merece um destaque maior, ainda sob o efeito da kryptonita sintética, o Superman sofre uma divisão em dois seres distintos, o Superman “Bizarro” e o pacato jornalista Clark Kent, essa divisão acarreta uma grande luta em um ferro-velho, onde no final o lado bom do herói prevalece.

Superman evil x Clark Kent

Com um orçamento de cerca de 39 milhões de dólares o longa arrecadou apenas um pouco mais de 80 milhões, um verdadeiro fracasso em comparação aos dois anteriores, isso fez com que Christopher Reeve prometesse nunca mais vestir o uniforme do Superman (promessa não cumprida). Por efeito de economia, as cenas iniciais em Metrópolis foram realizadas na cidade canadense de Calgary, ao invés de Nova York como nos filmes anteriores.
Curiosamente o videogame jogado por Webster com cenas do Superman enfrentando mísseis seria colocado á venda pela companhia de games Atari, porém por motivos nunca revelados esse game nunca foi lançado. O filme é tão ruim que foi indicado à dois prêmios do Framboesa de Ouro, uma paródia á celebre estatueta do Oscar, nas categorias de Pior Ator Coadjuvante para Richard Pryor e de Pior Trilha Sonora.
 Com o desempenho fraquíssimo de “Superman III” nos cinemas os produtores Alexander e Ilya Salkind assumiram que já não havia mais interesse e nem entusiasmo para novos filmes do Homem de Aço, chegando a vender os direitos do personagem para o cinema para a produtora Cannon Group, famosa pelos filmes com os astros Chuck Norris e Charles Bronson, os produtores Menahen Golan e Yoram Globus achavam que o personagem ainda poderia ser uma boa fonte de renda, mais eles sabiam que precisavam conseguir o retorno do Christopher Reeve ao papel do Superman para poder levar essa nova produção adiante. Para conseguir isso, os dois prometeram ao Christopher que o tom do filme voltaria a ser o mesmo do primeiro, além de que ele poderia participar do processo criativo.
Com o título “SUPERMAN IV – Em Busca da Paz” (Superman IV – The Quest of Peace) a produção teria um orçamento inicial de 36 milhões de dólares e contaria com a mesma equipe técnica do primeiro longa do Superman, Gene Hackman voltaria o papel de Lex Luthor e Margot Kidder teria mais tempo em cena. O filme também apresentaria o personagem Lenny Luthor, sobrinho do Lex e substituto do atrapalhado Otis, que seria interpretado pelo jovem Jon Cryer. Lex Luthor teria como parceiro o Super-Vilão Homem-Nuclear, criado a partir de células do Superman, ele foi vivido pelo Mark Pillow. O roteiro iria mostrar uma campanha empreendida pelo Homem de Aço em prol de um desarmamento mundial dos arsenais nucleares, mostrando, com isso, uma mensagem de paz mundial em plena era Reagan.
 Porém as coisas começaram a dá errado antes mesmo das filmagens iniciarem, primeiro o tão alardeado orçamento de 36 milhões foi convertido para meros 17 milhões de dólares, como consequência a equipe técnica que havia trabalhado em “Superman I” foi dispensada e os pedidos do Reeve em dirigir o longa foram recusados. Para a cadeira de diretor foi chamado o diretor Sidney J. Furie, já que o mesmo havia dirigido em 1986 o filme “Águia de Aço” (Iron Eagle), um clone de “Top Gun” que rendeu a Cannon uma boa bilheteria.
Os produtores acharam que Furie conseguiria repetir essa façanha, mas não foi o que aconteceu, com o uso exagerado de maquetes, a cidade de Metrópoles ficou estranhamente diminuta, as cenas de voou e de efeitos especiais foram reutilizados dos filmes anteriores sem a menor cerimônia. Lançado em 1987, essa última aventura do Superman do Christopher Reeve nos cinemas é considerado a pior produções da década de 1980.

Superman x Homem Nuclear

Para se ter uma idéia o ator Jon Cryer, declarou em uma entrevista algum tempo depois que o filme foi lançado cerca de cinco meses antes da data prevista, simplesmente por não haver mais dinheiro para a produção. Em virtude disso o filme também ganhou duas indicações ao Framboesa de Ouro nas categorias de:
*Pior Atriz Coadjuvante para Mariel Hemingway
*Pior Efeitos Especiais.

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