Siegel achou a ideia boa demais para ser desperdiçada com um vilão, então em uma noite de verão no ano de 1933 nascia aquele que viria a ser o mais famoso super-herói do mundo, não inteiramente, mas aos poucos durante uma longa noite de insônia. Alguns anos depois Siegel contou a um repórter do jornal Saturday Everning Post como tudo começou:
“Saltei da cama e escrevi tudo o que me veio á cabeça, então voltei a me deitar e há pensar um pouco mais, por mais ou menos duas horas. Levantei-me novamente e escrevi tudo. Assim foi a noite toda, em intervalos de duas horas, até que, pela manhã tinha um roteiro completo”.
Pouco depois de o sol nascer, Siegel percorreu os doze quarteirões até a casa de Shuster, logo que chegou explicou ao amigo a natureza de sua criação, o qual começou a colocar no papel, em forma de desenho as ideias do amigo. A essência do personagem reuniu três temas bastante usados nas revistas da época, só que em separados, o ser de outro planeta, o homem com poderes sobre-humanos e a dupla identidade. A maneira como Siegel uniu esses temas em um único personagem foi o que tornou o Superman um sucesso. De todos os poderes o único herdado da sua versão anterior foi a Visão Telescópica.
O conceito do ser de outro planeta vivendo entre humanos tem sua base ficcional no romance Micromegas, de Voltaire, escrito em 1752, sendo copiado através dos anos por outros autores. Foi, o autor John W. Campbell, e o seu livro Aarn Munro que melhor desenvolveu o conceito de um ser alienígena vivendo na Terra e tendo superpoderes. Seu personagem era filho de terrestre que havia crescido em Júpiter e que chegando à Terra adquiriu poderes especiais graças a atmosfera menos densa do que a nossa.
Essa explicação foi usada por Jerry para explicar os poderes do Superman. Porém a fonte primordial onde Jerry buscou inspiração para seu personagem foi o romance Gladiator, de Philip Wylie, um estrondoso sucesso em 1930, que o próprio Siegel havia resenhado no seu fanzine. O fato de o personagem possuir dupla identidade era original, já que não era o homem disfarçando-se de super-herói, como era com outras revistas da época, mais o contrário. Siegel e Shuster tiveram seus dias de donos do mundo, mundo este centralizado na cidade de Metrópolis, batizada assim em homenagem a obra-prima cinematográfica da ficção cientifica do alemão Fritz Lang.