REVIEW DA MULHER-MARAVIHA DE GEORGE PÉREZ – PARTE I

Depois de termos discutido sobre a excelente fase do canadense John Byrne no novo Universo do Superman, hoje iremos falar sobre a fase onde o saudoso George Pérez recriou a Amazona Mulher-Maravilha.

Em todos os setores da sociedade humana sempre existiram pessoas que recebem a alcunha de “Saudosistas”, que sempre dizem que tudo da época deles era melhor, e o mesmo aconteceu no mundo dos quadrinhos, principalmente no Universo DC durante a década de ’80.

A Trindade da editora, composta pelo Superman, Mulher-Maravilha e Batman já estavam entrado em sua 5ª década de criação, sem terem um aprofundamento em suas histórias.

Para colocar as coisas nos eixos, a DC publicou após anos de planejamento, entre abril de 1985 e março de 1986, uma maxissérie até hoje considerada uma das melhores movimentações editoriais dos quadrinhos estadunidense de todos os tempos chamada “Crisis on Infinite Earths” (Crise nas Infinitas Terras), criação da dupla Marv Wolfman (nos roteiros) e George Pérez (nos desenhos), da qual ainda iremos falar futuramente aqui no Setor 2814.

Capa da Wonder Woman nª 01

Com o término da saga, a Trindade foi entregue para grandes nomes para serem reformulados, o Superman ficou nas mãos do John Byrne, o Batman foi reformulado pelo Frank Miller e a Mulher-Maravilha ficou a cargo do próprio George Pérez.

Diferente da reformulação do Superman, que saiu em outubro de 1986, a primeira edição da nova série, batizada “Wonder Woman”, sairia apenas em fevereiro de 1987, onde toda uma nova mitologia foi recriada pelo Pérez.

A primeira história da Mulher-Maravilha apresenta sua origem em um arco de cerca de sete partes, intitulado “Gods and Mortals” (Deuses e Mortais), onde o argumento ficou nas mãos da dupla George Pérez e Greg Potter enquanto que a arte ficou totalmente a cargo do Pérez.

Em uma entrevista, Pérez declarou o seguinte sobre o início do processo de reformulação da personagem:

George Pérez – Roteirista & Desenhista

“Havia um grande problema, a empresa, embora quisesse uma nova Princesa Amazona, não sabia definir o que entendia exatamente por ‘nova’, inúmeros criadores apareceram com conceitos que traziam pouco mais que o nome ‘Wonder Woman’, até que algumas ideias eram boas e mereciam elaboração e desenvolvimento, no entanto eles resultariam em uma versão da personagem que simplesmente não seria a mesma. A DC então percebeu que uma nova Mulher-Maravilha teria que continuar com sua identidade emblemática reconhecível. Foi quando Greg Potter entrou em cena. A proposta de Greg era fiel à origem básica, mantendo vários elementos, como por exemplo a Ilha Paraíso, Steve Trevor e o concurso para selecionar a amazona que iria ao ‘Mundo dos Homens’, ainda que sejam em formas diferentes. Duas das grandes novidades dessa reformulação veio da mente do Greg Potter, uma foi a ideia de que as Amazonas seriam reencarnações de mulheres assassinadas por homens, desde a Pré-História e a outra foi de colocar o deus da guerra Ares, como a primeira grande ameaça e o motivo da Diana ir ao Mundo dos Homens, pousando na cidade de Boston, a moradia do Greg, no Estado americano de Massachusetts, para salvá-lo dos planos ensandecidos do deus. Entretanto, alguns aspectos da visão de Greg não desceram muito bem junto ao pessoal da DC, particularmente junto às mulheres. Isso não era um bom presságio, já que se tratava do maior ícone feminino da DC”.

Em relação a revitalização da Mulher-Maravilha Pérez afirmou que queria o retorno da mitologia grega, uma purificação do conceito. Ele, o mesmo homem que havia desenhado a morte da Mulher-Maravilha da Terra-01 no último capítulo da “Grande Crise”, acabou de tornando o principal nome por trás da nova origem da Princesa Amazona.

Pérez passou cerca de cinco anos apenas escrevendo os roteiros que iriam definir os novos caminhos que a Mulher-Maravilha iria seguir a partir daquele momento, os dois primeiros com a parceria do Greg Potter e o terceiro junto com o experiente Len Wein. Fora isso, ele ainda seria o responsável por desenhar os 24 primeiros números da série.

Em uma entrevista para o livro DC Comics: Sixty Years of the World’s Favorite Comic Book Heroes George Pérez afirmou que havia tentado criar um personagem humanista, em oposição a um ponto de vista estritamente feminista, já que ele não queria que a Mulher-Maravilha fosse uma personagem pré-disposta a confrontos. Além de que ela não teria preconceitos.

A primeira mulher a ser assassinada por um Homem

Com tudo isso definido, vamos para a história em si. No primeiro capítulo temos o que seria o primeiro assassinato de uma mulher, ainda na Pré-História, logo depois somos transportados para o ano1.200 A C., onde temos a mais linda representação do Monte Olimpo, onde algumas deusas se preparam para criar uma nova raça de mulheres fortes, com o objetivo de servir de exemplo para o restante da humanidade.

Assim, pelo poder das deusas, as almas das mulheres assassinadas por homens são enviadas à Terra para renascer nas águas do Mar Egeu, de todas as almas, apenas uma ficou na caverna no Hades, conhecido como o “Útero de Gaia”, as deusas profetizam que aquela alma está destinada a renascer em um momento especial, quando os Homens e deuses precisaram ser salvos.

Hippolyta foi a primeira a renascer, sendo consagrada como rainha das Amazonas, logo depois ela foi seguida por sua irmã, Antíope, assim, uma a uma, elas ressurgem, já em corpo adulto.

A nova versão dos deuses olimpianos

Porém Ares, o deus da guerra, não deixaria essa nova raça guiar a humanidade para uma Era de Paz. Para evitar isso ele provoca a primeira grande tragédia das Amazonas. Por meio de manipulações, Ares convence o semideus Héracles a agir contra as Amazonas, que naquele momento estavam estabelecidas em uma cidade-Estado chamada Themyscira, em território que nos dias de hoje pertenceria à Grécia.

Assim, fingido buscar uma aliança militar com as Amazonas, Héracles seduz e trai Hippolyta, com o seu exército fazendo com as demais mulheres, escravizando todas elas.

Presa em um calabouço do próprio palácio, Hippolyta implora pela ajuda de Athena, que lhe atende, assim, as Amazonas rebelam-se e conseguem escapar do cativeiro e escravidão imposto pelo Héracles.

Por ter confiado totalmente nos Homens, as Amazonas sofrem três punições, a primeira é que a partir de agora todas as Amazonas são obrigadas a usar braceletes, como forma de sempre lembrarem do tempo em que foram enganadas e feitas prisioneiras pelos Homens. já a segunda é que a Antíope renega os deuses do Olimpo e parte, seguida por algumas Amazonas, em perseguição aos homens do Héracles em busca de vingança, essa é a última vez que Hippolyta vê a irmã viva.

A terceira punição vendas deusas, que em virtude das Amazonas terem falhado em seu propósito, ordenam que elas viagem para uma ilha onde um Mal Ancestral está aprisionado em suas profundezas.

A nova Ilha Paraíso

Para poderem realizar essa vigilância, as deusas concedem a imortalidade para as Amazonas. As deusas ainda determinam que essa “Ilha Paraíso”, mas que sua localização deve ter sua localização permanentemente oculta do restante da humanidade, além de que nenhum homem poderá, nunca, pisar solo da Ilha. Assim, as Amazonas se estabelecem na Ilha, vivem em paz, porém sem perder a vigilância sobre o Mal profundo que a Ilha abriga. Séculos depois, ocorre um fato que mudaria para sempre o destino das Amazonas anos.

A rainha Hippolyta estava grávida ao morrer e ela começa a sentir uma inquietude, um vontade de ter algo que não sabe o que é, para descobrir a origem dessa inquietação, a rainha resolve procurar Menalippe, sua Alta Sacerdotisa e a Oráculo dos deuses, durante sua consulta Hippolyta toma conhecimento da criança que perdera na vida passada.

Nascimento da Princesa Diana

Querendo suprir essa necessidade de ser mãe, ela vai até a praia e, inspirada pelas deusas, esculpe uma imagem de um bebê, que ganha aquela alma que ainda estava no Útero de Gaia e poderes de comungar com a própria Terra, uma beleza e um coração amoroso, uma grande sabedoria, a compreensão dos animais e os olhos de uma caçadora, afinidade com o fogo e o poder de voar e supervelocidade, dons presenteados respectivamente pelas deusas Deméter, Afrodite, Athena, Artêmis, Héstia e pelo deus Hermes, tornando-se mais poderosa que qualquer outra Amazona, ainda seguindo os conselhos das deusas, a rainha Hippolyta batiza a criança como Diana, o nome de uma guerreira incomparável.

Alguns milênios depois Menalippe recebe um aviso dos deuses, Ares adquiriu um novo poder que o coloca em nível do próprio Zeus. O planeta Terra, e por extensão, Themyscira, estão em risco, assim, os deuses determinam que as Amazonas preparem um torneio, para escolher uma campeã, a melhor entre elas, que irá ao Mundo dos Homens deter o insano Ares. A campeã do torneio também deverá passar pela “Prova do Trovão”.

A Prova do Trovão

Temendo que as Amazonas não queiram ferir alguma amiga íntima durante o torneio, já que todas são amigas há três mil anos, Hippolyta ordena que todas usem as viseiras dos elmos baixados, Diana, agora uma jovem mulher, pede para participar mas é proibida pela mãe, porém ela pede o conselho da deusa Athena, que a orienta para participar.

Assim, provas como arco e flecha, combate com bastões, teste de força, corrida com obstáculos e luta são disputadas, em todas temos apenas uma vencedora, ao final ela retira o elmo, revelando que era a Princesa Diana. Apesar de todos os protestos de sua mãe, Diana terá que fazer o último teste, a “Prova do Trovão”, tal prova consiste em desviar balas de um pistola usando apenas braceletes, nos próximos textos descobriremos como tal arma foi parar em Themyscira.

Lhes apresento a Mulher-Maravilha, na visão do George Pérez

Assim, Diana, sua mãe e a General Philippus vão até o templo de Hades, onde Philippus dispara três vezes contra Diana, que graças a velocidade concedida por Hermes, consegue repelir os projeteis com seus braceletes, com isso ela é agraciada como a Campeã das Amazonas.

Aqui chegamos ao final da Parte I, no próximo texto trarei a introdução de personagens clássicos e novos, a chegada da Diana no Mundo dos Homens e seus primeiros desafios.

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