RELEMBRE A PRODUÇÃO DE “BATMAN” DE 1989 – PARTE II
Finalmente em abril de 1988, o agora rebatizado “Batman” recebeu o sinal verde da Warner Bros. para iniciar a pré-produção, principalmente após o sucesso de “Os Fantasmas se Divertem”, dirigido pelo Burton.
Quando as noticias sobre esse filme começaram a sair na imprensa e os fãs do Batman descobriram que o Burton iria dirigir o filme, e principalmente de que o personagem principal seria protagonizado pelo baixinho Michael Keaton, surgiram controvérsias sobre o tom e a direção em que Batman estava entrando. Com os anúncios desses nomes, os fãs começaram a ter receios de que essa produção acaba-se ridicularizando a imagem do Batman, assim como havia acontecido com o seriado dos anos 1960.
Ao mesmo tempo, a imprensa martelava esses fãs com questões como o por que de se entregar um orçamento de cerca de 35 milhões de dólares para um diretor tão inexperiente em dirigir uma superprodução como “Batman”. Como resposta os produtores disseram que Burton tinha um senso de estético muito interessante, que começava a revolucionar o cinema e que a ideia era trazer um Homem-Morcego não como um alien com superpoderes, mas como um homem real, movido por um grande desejo de vingança e justiça, que o faz sair a noite vestido como um morcego gigante.
Mesmo com essa declaração, a implicância com a escolha do Michael Keaton continuou, já que foi divulgado que o roteiro pedia um Bruce Wayne como alguém com músculos de aço, o que era totalmente o oposto do perfil do Keaton, como resultado a DC recebeu mais de 50.000 cartas mostrando sua raiva.
Perguntado o motivo dessa mudança, Burton disse que o Keaton era um bom ator, que conseguiria deixar seu lado sombrio e assustador fluir, além de entregar algo completamente fora do padrão da época.
Para o antagonista do Herói a escolha não poderia ser outra que o Príncipe Palhaço do Crime, o Coringa e para dar vida ao Vilão, Burton trouxe o ator Jack Nicholson. Jack é um dos grandes atores de Hollywood, e na época estava no auge, sua presença no projeto era sinônimo de retorno financeiro, e com seu apoio a Burton, o desenvolvimento do filme ficou menos complicado.
Com a entrada do Coringa na trama, a partir da cena em que ele cai no tanque de produtos químicos, mostra-se que o filme seria todo do Vilão, Burton se mostra visivelmente apaixonado por sua versão do Palhaço. Nicholson demonstra-se dotado de uma pura anarquia em sua interpretação, ele sempre demonstrou se divertir ao encarnar o personagem de uma forma tão irresponsavelmente letal.
Jack não apenas assinou um contrato para ser o Coringa, mas ele fez um acordo para receber parte da bilheteria e de todos os produtos que tivessem a marca “Joker”. Qual foi o resultado? Nicholson se tornou, na época, o ator mais bem pago, com uma renda total que facilmente passou dos 50 milhões.
Na minha opinião, um grande erro foi o desfecho fúnebre do personagem, que acarretou a impossibilidade de um retorno em outros filmes da franquia.
Para o papel da repórter fotográfica Vicki Vale, a “Mocinha” do longa, todas as principais atrizes daquela época foram testadas, indo da Sigourney Weaver até a Michelle Pfeiffer, que só não ganhou o papel pelo fato de, na época, namorar o Keaton. A primeira escolha foi da atriz Sean Young, porém a mesma sofreu uma queda de uma cavalo, e acabou tendo que ser substituída, como substituta foi chamada o símbolo sexual da época, a lindíssima Kim Basinger, que vinha do sucesso “9 1/2 Semanas de Amor”. Já para os papeis do Comissário James Gordon, do mordomo Alfred Pennyworth e do Chefe da Máfia Carl Grissom, foram chamados, respectivamente, os atores Pat Hingle, Michael Gough e Jack Palace.
O responsável foi o design de figurinos Bob Ringwood, que pesquisou em mais de 200 HQs do Batman, para chegar no resultado final. Foram peoduzidos28 trajes, 25 capas e 06 máscaras diferentes, tudo para trazer um ar mais Super-Heroistico para o Keaton.
Michael, com sua armadura negra, consegue transmitir uma força magnética que o franzindo Keaton, mesmo sendo um ótimo ator, não conseguiria transmitir. Seu Bruce Wayne consegue perfeitamente transmitir a proposta de um homem com um ar de louco ao ponto de agir como um vigilante mascarado.
Em relação aos famosos apetrechos do Batman, como o Batmóvel e a Batwing, suas construções ficaram por conta do design Julian Caldow. O Batmóvel seguiu o mesmo espírito da armadura, algo contra o qual nenhum criminoso teria a menor chance.
Para a construção do Batmóvel, foram criados dois modelos idênticos, cada um medindo cerca de 6,1 metros de comprimento, com escudo protetor, duas metralhadores retráteis na parte dianteira, bombas potentes, controle remoto acionado por voz e um motor com a capacidade de atingir de 00 a 100km/h em pouco mais de 3,7 segundos.
Tudo isso construído com peças de aviões-caça do exército americano e usando como base um Chevrolet Impala 1967, ao mesmo tempo em que era uma máquina de combate impressionante, ele parecia algo saído diretamente das HQs, afinal, diferente de hoje, vivíamos em uma época que ainda não havia uma preocupação real de se ter os dois pés fincados na realidade, como viria a ocorrer décadas depois, já a Batwing, que também foi construída pela mesma equipe do Batmóvel, contou com a colaboração do Supervisor de Efeitos Visuais, o Derek Meddings e sua empresa, a “Meddings Magic Camera Company”. A nave chegou a ser considerada uma pura peça expressionista. Tanto o Batmóvel quanto a Batwing ficaram tão icônico que quem assistiu na época não esquece jamais e quem assiste hoje também irá se apaixonar por eles.
No quesito música, Batman não deixou a desejar. Como a maioria esmagadora dos filmes dos anos 80, a música no cinema era algo muito importante, pois serviram como uma espécie de mostruário do filme, ajudando na divulgação entre os jovens, seja por rádios ou por clipes de TV.
Para as músicas, a produção queria o Rei do Pop Michael Jackson, que já havia confessado ser fã confesso do Cavaleiro das Trevas, no entanto em decorrência de acordos que determinavam que as músicas criadas seriam Copyright da Warner, Jackson acabou recusou o convite. Então como desforra, a produção entregou a tarefa de ser o cantor do longa do Batman ao cantor que era considerado o arqui-inimigo do Jackson, o Prince, que em apenas 06 semanas preparou todo um álbum.
Embora os fãs ficassem horrorizados com a música Batdance, ela foi um estouro na época ficando por um longo tempo top #01 das rádios e sendo um dos discos que venderam mais que água no deserto. Eu mesmo fui um dos que teve esse LP, com o icônico emblema do Morcego Negro no fundo oval amarelo.Enquanto isso para compor a trilha sonora, foi chamado o cantor Danny Elfman, que conseguiu criar uma tema para o Batman que virou uma marca registrada do personagem durante os anos 80 e 90, fora todos os outros temas. Vale ressaltar também que o tema do herói foi reutilizada na série animada “Batman: The Animated Series”, que acabou reforçando ainda mais esta mensagem e esse alinhamento com as HQs.
Por fim em 23 de junho de 1989 os cinemas americanos (no Brasil no dia 23 de outubro de 1989), recebiam a megaprodução “Batman”, que além de ser um sucesso tremendo nas bilheterias, custando cerca de 35 milhões de dólares e arrecadando um total de mais de 411 milhões de dólares, sendo que mais de 250 milhões de dólares só no mercado cinematográfico americano, um verdadeiro Arrasa-Quarteirão na época, iniciou uma onda mundial intitulada “Bat-Mania”, com inúmeros produtos com a marca do Cavaleiro das Trevas espalhado por praticamente todo o mundo. Todo o sucesso financeiro da bilheteria do filme e das vendas dos produtos licenciados, renderam ao astro Jack Nicholson, que como disse anteriormente tinha uma clausula no contrato que lhe garantia uma porcentagem dos lucros, um saldo total de 60 milhões de dólares, o tornando um dos atores com um dos maiores salários da época.