RELEMBRE A PRODUÇÃO DE “BATMAN” DE 1989 – PARTE I
Naquela época o público de não leitor de HQs conheciam o Cavaleiro das Trevas apenas pela série camp e colorida dos anos 1960, com seus vilões rocambolescos e seus capangas, que só serviam para apanhar da Dupla Dinâmica, suas onomatopeias coloridas pipocando na frente da tela da TV e a silhueta da barrigudinha um tanto rechonchuda do ator Adam West, que interpretava o Batman, todo o sucesso obtido pela série fez com que aquela versão equivocada do Cavaleiro das Trevas ficasse conhecida do grande público, em todos os países onde foi exibido.
Era desejo do Michael Uslan fazer a versão definitiva, sombria e séria do Batman, trazendo uma versão mais próxima aquela imaginada pela dupla de criados do personagem, o Bob Kane e o Bill Finger em 1939. Uma verdadeira criatura da noite, causando pavor e perseguindo todos os criminosos nas sombras de Gotham City. Primeiramente foi chamado o roteirista Richard Maibaum para escrever a história, juntamente com o diretor Guy Hamilton, que comandaria a produção, no entanto os dois recusaram a oferta.
Bob Kane & Bill Finger criadores do Cavaleiro das Trevas.
Uslan não teve sucesso quando apresentou a proposta da produção de um filme do Batman para vários das principais produtoras de Hollywood, entre eles a Columbia Pictures e o United Artists, a recusa era pelo fato deles quererem um filme com a mesma temática cômica que existia na série de TV camp da década de 1960.
Então em novembro de 1979, se juntaram à empreitada da realização desse filme os produtores Jon Peters e Peter Guber, agora esses quatro produtores perceberam que há ia chegado a hora de reformular o desenvolvimento de um filme do Batman, principalmente após o avassalador sucesso do lançamento de Superman (1978), com isso o trio Uslan, Melniker e Guber apresentou o projeto de Batman para a Universal Pictures, que acabou recusando.
Adam West e Burt Ward como a Dupla Dinâmica na série “Batman” de 1966.
Já em julho de 1980, durante a Comic Art Convention de Nova York, foi anunciado publicamente que a Warner Bros. havia aceitado em realizar o longa, com um primeiro orçamento de US$ 15 milhões.
Em junho de 1983 o roteirista Tom Mankiewicz completou um roteiro intitulado “The Batman”, centrado nas origens de Batman e do Dick Grayson, tendo como a dupla de vilões o assassino louco chamado Coringa e um dos chefões do Crime Organizado de Gotham City, o Rupert Thorne, já como interesse amoroso do Bruce Wayne teríamos a Silver St. Cloud.
Mankiewicz havia se inspirado no clássico arco de histórias do Batman intitulado “Batman: Strange Apparitions”, publicado originalmente nas edições Detective Comics de #469 a #479, escrita por Steve Englehart. O quadrinista Marshall Rogers, que havia trabalhado com Englehart em “Batman: Strange Apparitions”, foi contratado para realizar a arte conceitual do filme.
Produtor Executivo Michael E. Uslan.
O anúncio da produção de “The Batman” foi feita no final de 1983, tendo como data de lançamento junho de 1985, e contando com um orçamento de US$ 20 milhões. Originalmente, Mankiewicz queria um ator desconhecido para Batman, já para os papeis do Comissário James Gordon, do mordomo Alfred Pennyworth e do mafioso Oswald Cobblepot, também chamado de Pinguim, foram cogitados os nomes, respectivamente, de William Holden, David Niven e Peter O’Toole. Mankiewicz queria retratar o Oswald Cobblepot como um mafioso com baixa temperatura corporal, porém os atores William Holden morreu em 1981 e David Niven em 1983.
Inúmeros cineastas foram cogitados para dirigir o roteiro de Mankiewicz, incluindo os nomes do Joe Dante e Ivan Reitman, ao ser perguntado sobrea história, Reitman afirmou que iria escalar os atores Bill Murray e Eddie Murphy para interpretar o Batman e o Robin. Nesse meio tempo o roteiro do Mankiewicz foi reescrito cerca de nove vezes, por nove escritores diferentes. No entanto o roteiro base, que estava sendo usado para orientar o projeto, ainda era o escrito pelo Mankiewicz.
Roteirista Tom Mankiewicz
Por fim depois de muitos nomes de diretores serem considerados e recusados, a Warner Bros. e os produtores Peter Guber e Jon Peters escolheram o nome do até então semidesconhecido Tim Burton, um novato cineasta de 30 anos, vindo do setor de animação da Disney e que só havia dirigidos as comédias “As Grandes Aventuras de Pee-Wee” (Pee-wee’s Big Adventure – 1985) e “Os Fantasmas se Divertem” (Beetlejuice – 1988), inclusive foi o sucesso do segundo, lançado pela própria Warner, que fez os produtores escolherem Burton de vez, o diretor teve assim mais de um ano para o lançamento Batman.
Burton pediu a sua então namorada Julie Hickson que escrevesse um novo esboço de 30 páginas. A Warner Bros. estava cada vez mais animada com a ideia de ressuscitar as raízes sombrias do Batman, principalmente mediante o tremendo sucesso de público e de crítica da minissérie “O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight Returns), escrita e desenhada pelo Frank Miller e publicada em 1986 e da Graphic Novel Batman: A Piada Mortal (Batman: The Killing Joke) escrito pelo Alan Moore, com desenhos do Brian Bolland e publicada em 1988.
Diretor Tim Burton em 1989.
Burton não era inicialmente um fã de quadrinhos, mas ele ficou impressionado com o tom sombrio e sério encontrado nas duas HQ. Em uma entrevista, Burton declarou:
“Eu nunca fui um grande fã de quadrinhos, mas sempre adorei a imagem do Batman e o Coringa. ‘Batman: A Piada Mortal’ é o meu favorito. É o primeiro quadrinho que já amei. E o sucesso dessas Graphic Novels tornou nossas ideias mais aceitáveis.”
(Continua na Parte II)
