RELEMBRANDO O LONGA AQUAMAN (2018)
Hoje trago para vocês um texto sobre um dos melhores filmes do antigo Universo Estendido DC, “Aquaman”, lançado em dezembro de 2018.
Pra começar vamos falar de como foi a produção desse filme.
Em 2004, foi divulgado por vários sites que a produtora Sunrise Entertainment, de Alan e Peter Riche, estavam planejando fazer um longa-metragem do Aquaman para a Warner Bros. com o estreante Ben Grant escrevendo o roteiro.
Porém esse projeto não foi para frente, já em julho de 2009, foi divulgado que um filme do Aquaman estava em desenvolvimento na Appian Way, produtora de Leonardo DiCaprio, mas esse foi mais um projeto que também nunca foi para frente.
Em 2013, com o lançamento de O Homem de Aço (Man of Steel) em junho de 2013, foi dito que a Warner Bros. estava com planos de fazer filmes-solos com a Mulher-Maravilha e o Aquaman. O diretor criativo da DC Entertainment, Geoff Johns, declarou na época que Aquaman era um personagem prioritário da empresa.
Em 12 de agosto de 2014 a Warner Bros anunciou que já havia contratado os roteiristas Will Beall e Kurt Johnstad para escreverem dois roteiros separados para um filme do Aquaman, o projeto começou sendo desenvolvido em dois caminhos, o que significava que dois roteiros seriam escritos, um por Beall e um por Johnstad, porém somente o melhor roteiro seria filmado.
Em menos de um ano, mais precisamente no dia 10 de abril de 2015, o nome do diretor James Wan, um dos mestres do cinema de terror atual, responsável pela origem não apenas de uma, mas de três franquias milionários do cinema de horror: “Jogos Mortais” (Saw), “Sobrenatural” (Insidious) e “Invocação do Mal” (The Conjuring), começou a ser relacionado como sendo o favorito para dirigir o filme. Em junho do mesmo ano, Wan foi confirmado para dirigir o filme e sua primeira atitude foi ignorar o roteiro de Kurt Johnstad.
Em 12 de novembro de 2015, David Leslie Johnson foi contratado para escrever um novo roteiro, no entanto nunca ficou claro se ele estaria escrevendo um roteiro separado ou trabalhando junto com o diretor Wan.
Algum tempo depois, o James afirmou que foi escolha própria ter escolhido ele escolheu dirigir Aquaman, já que antes haviam oferecido a ele a direção de “The Flash”.
A Pré-Produção de Aquaman teve seu início no final de novembro de 2016, na Austrália, já as filmagens começaram em 02 de maio de 2017, sob o título de produção “Ahab”, e foram concluídas em 20 de outubro de 2017, conforme anúncio de Jason Momoa em sua conta no Instagram.
A maior parte de Aquaman foi filmada no Village Roadshow Studios em Gold Coast, Queensland, as outras locações foram na Terra Nova, Sicília e Tunísia. Don Burgess, que anteriormente trabalhou com Wan em “The Conjuring II”, atuou como diretor de fotografia.
Falando sobre o filme:
Aquaman sempre foi considerado pelos fãs, e pela própria D.C. como um herói de 3ª ou 4ª escalão, que só servia para aventuras perto do mar.
Tal atitude só começou a mudar em 2011, com o lançamento do selo “The New 52”, mais um reboot que ocorreu na Casa das Lendas, nesse novo reinício do Universo DC o roteirista Geoff Johns, com a participação dos brasileiros Ivan Reis na arte, Joe Prado na arte-final e Rod Reis na colorização conseguiu fazer com que a percepção que os leitores tinham do Monarca da Atlântida muda-se.
Essa turma conseguiu mostrar que para a DC e, principalmente, aos leitores, que mesmo ele sendo um personagem que “fala com peixes”, cavalga um cavalo-marinho gigante e nada com golfinhos, o que convenhamos é algo bem foda, pode, e é, um dos seres mais poderosos do Universo DC, sendo o soberano de um dos habitats mais ricos e belos a serem explorados, os oceanos. E isso ganha ainda mais força com o novo filme solo de Arthur Curry, mais conhecido como Aquaman.
O longa se inicia com uma narrativa, feita o pelo próprio Arthur Cury, onde ele nos conta quem é, um Metahumano filho de uma atlante com um humano e conhecido pelo mundo da superfície como Aquaman.
Esse início nos dá um certo toque mágico, místico até, fazendo você se sentir presente na história o tempo todo, ele nos transporta para uma imersão ao fundo do oceano de tal forma que não estranhamos os momentos em que o som muda, ficando mais abafado, nos trazendo a sensação de que estamos realmente em um outro mundo, tão alienígena para nós, mas ao mesmo tempo pertencente ao nosso planeta.
Durante uma das entrevistas para a divulgação do filme, o diretor James Wan comentou que sua intenção sempre foi fazer com que o Aquaman começasse a ser considerado pelos fãs um dos mais poderosos Super-Heróis da D.C. algo como o que foi feito na reintrodução do personagem, durante o “The New 52”. Já durante a San Diego Comic-Con, Wan disse o seguinte:
“70% do nosso planeta é água, certo? Então, pensando bem, ele é o super herói mais poderoso. Então você sabe, eu sei bem que ele tem sido uma piada no mundo dos super heróis por muito tempo. E eu não estou fugindo disso, estou me apropriando disso também e aceitando o lado dele que é feito de piada e tentando fazer algo super legal com isso.”
Para compor sua versão do Aquaman, o diretor James usou elementos familiares aos fãs do personagem, tanto das HQs clássicas quanto na animação “Superfriends (Superamigos) dos anos 70/80. Temos os cavalos-marinhos domesticados, que no longa foram batizados como “Dragões Marinhos”, que no passado foram extremamente ridicularizados durante as temporadas do desenho Superamigos.
Podemos ver esse compromisso assumido em adaptar fielmente, porém com uma abordagem mais moderna, o vilão Arraia Negra, cujo visual está simplesmente perfeito, e cujo interprete, o ator Yahya Abdul-Mzteen II, nos entregou uma excelente atuação, sua história de origem nos remete a uma vida do mais puro e sincero desejo de vingança.
Lembro o quanto fiquei feliz em ver como foi sensacional a forma que explicaram algumas coisas relacionadas a mitologia do personagem, porém sem parecer forçado, coisas como por exemplo, de onde veio a tecnologia do Arraia, tipo o Elmo com disparadores lasers e qual o motivo dele ser tão grande, também descobrimos como sua armadura sobrevive as imensas pressões das profundidades. Todas essas questões são respondidas no filme em uma única sequência.
De todo o longa, apenas um ponto me chamou mais atenção, além de ter sim um verdadeiro deleite aos olhos, estou falando da Atlântida, aqui o diretor Wan nos presenteou com um mundo composto de cores vívidas, criaturas verdadeiramente fascinantes, desde os menores peixes até as mais assustadores e deslumbrantes criaturas, como os já citados Dragões Marinhos, que apareceram sendo cavalgados pelo exército do reino de Xebel e seu rei Nereus, vivido pelo ator Dolph Lundgren, da parte dos Atlantes, tivemos soltados cavalgando Tubarões Guerreiros, armados com raios laser, o monstruoso Karathen e até um incrível polvo percussionista, inspirado no polvo Topo, que aparecia durante os primeiros números da HQ do Aquaman, ainda na Era de Prata, entre outras criaturas peculiares.
No mais, todos os efeitos especiais são um show à parte, a todo momento em que o filme se encontra debaixo d’água, ele usa as técnicas de maneira impressionante, seja para representar os cabelos dos personagens, ou a arquitetura e a tecnologia de Atlântida.
Nesse ponto, o gênero também se mistura de uma forma perfeita, fazendo com que Aquaman consiga explorar todo seu potencial. Uma das coisas que notei em um dos trailers, e constatei vendo o longa, foi a forma magnífica como a produção conseguiu nos apresentar uma guerra nas maiores profundezas do mar, me fazendo vislumbrar algo que eu só havia visto com as batalhas espaciais da franquia Star Wars, ao mesmo tempo em que vemos os exércitos se posicionando no campo de batalha, de forma semelhante ao que vimos em produções como a consagrada Trilogia “The Lorde of the Rings”, são tantos os paralelos que podem ser traçados devido ao fluxo intenso e mutável do filme. E tudo isso sem perder i ritmo, o clima ou mesmo a essência da história.
Outro ponto onde a direção do Wan se destaca é em nos mostrar como ele conseguiu fazer com que cada ator possa dá o seu máximo e tirar um aproveitamento maior durante as filmagens. Um dos exemplos é o carisma de Jason Momoa, algo tão bem aproveitado no longa quanto seu porte de estrela de filmes de ação, Arthur Curry é um personagem cujo tom já é estabelecido logo no começo, onde vemos sua melhor atuação, nos entregando um personagem que consegue mesclar o arquétipo do herói brucutu ao mesmo tempo em que consegue ser sagaz.
Já Patrick Wilson, o rei Orm da Atlântida e aspirante a Mestre dos Oceanos, também mostra mais uma vez sua capacidade como ator, nos entregando um antagonista digno de se opor ao herói, mostrando um ótimo trabalho toda vez em que é requisitado.
Tanto o personagem do Patrick Wilson, como o do Yahya Abdul-Mzteen II foram, em suas respectivas esferas, vilões bem construídos, de forma que eles se mostraram como as causas pela impossibilidade do herói em recusar o chamado para sua jornada. Já a sinergia que ocorreu entre a Amber Heard, que interpretou a Mera e o Jason Momoa é outro ponto forte da produção, os dois conseguiram formar uma dupla tão díspares, e ao mesmo tempo fazendo com que os eles acabem se completando.
Amber conseguiu nos entregar uma Princesa submarina que segue os passos iniciados pela Mulher-Maravilha, como alguém bem resolvida e que é tão determinada quanto o Aquaman. Além de obstinada, ela é um exemplo ideal de uma boa parceria no universo dos Super-Heróis, se apresentando como uma personagem que soma tanto ao Aquaman, que é impossível o desenrolar da narrativa sem a sua presença.
Esse mesmo sincronismo se estende de maneira complementar com os demais personagens, como com a Rainha Atlanna, interpretada magistralmente por uma Nicole Kidman estonteante, outro personagem dono de uma empatia e carisma cativantes, é o atlante Vulko, interpretado pelo talentoso Willem Dafoe, que consegue exalar a sabedoria e a preocupação com a iminente guerra entre a Atlântida e o mundo da superfície.
Na época do lançamento de “Aquaman”, o meu amigo Bruno Castro, responsável pelo Canal do Setor 2814, me disse que o roteiro do filme, se mostrou tão bem construído que mesmo a gente procurando não conseguimos encontrar furos.
“Aquaman” estreou em 3D e IMAX no dia 21 de dezembro de 2018 nos Estados Unidos, já no Brasil a Warner Bros. fez o lançamento no dia 13 de Dezembro, uma semana antes do lançamento mundial.
Aquaman custou cerca de 200 milhões de dólares, em pouco tempo o filme superou o Homem de Ferro III (Iron Man III, 2013) no mercado internacional, arrecadando cerca de 813,1 Milhões de dólares contra os 805,7 Milhões que o terceiro filme do Homem de Ferro conseguiu.
Com isso Aquaman conseguiu ser o maior filme solo de Super-Heróis fora do mercado americano. Na bilheteria mundial “Aquaman” conseguiu ultrapassar a marca do bilhão, faturando mais de 1.148 bilhão de dólares.