ESQUADRÃO ATARI – MAIS UM CLÁSSICO DA DC DOS ANOS 80
Nossa história começa em 1982 a Atari, Inc., empresa que fabricava o videogame Atari, entrou em contato com a DC e encomendou a criação de uma HQ, que seria dada como um brinde em alguns cartuchos de jogos da empresa. Mas o que começou como uma mera jogada comercial se transformou em uma das séries de quadrinhos mais importantes e queridas de todos os tempos… Nascia ali, o grupo conhecido como Esquadrão Atari (Atari Force).
Essa ação inteligente de marketing tinha por meio incrementar as vendas dos cartuchos da Atari no começo de 1982, principalmente dos games Defender, Berserk, Star Riaders, Phoenix e Galaxian, onde para que se pudesse ter a história da HQ completa seria necessário a compra dos cartuchos nos quais vinham as partes da minissérie. Para tal empreitada, a DC escolheu os melhores nomes dos quadrinhos daquela época, como os roteiristas Roy Thomas e Gerry Conway, já as artes ficaram nas mãos de talentos como Ross Andru, Mike DeCarlo, Dick Giordano e Gil Kane.
Nessa primeira série vemos uma equipe de humanos, de diferentes nacionalidades, membros da A.T.A.R.I. (“Advanced Technology and Research Institute” ou “Instituto de Pesquisa e Tecnologia Avançada”), que usam a nave multidimensional “Scanner One” navegar pelo Multiverso, em busca de um novo planeta para a humanidade habitar, já que a Terra da sua dimensão estava inabitável, graças a um apocalipse ecológico.
A equipe de tripulantes escolhida consistia do comandante da missão Martin Champion, da Piloto e Oficial Executiva Lydia Perez, da Oficial de Segurança Li-San O’Rourke, do Engenheiro de Voo Mohandas Singh e do Oficial Médico Dr. Lucas Orion, também havia uma criatura alienígena semissenciente, que se tornou uma espécie de mascote da equipe, batizada de Hukka, em decorrência do barulho que fazia. Infelizmente esta primeira fase nunca chegou a ser publicada e vendida nos cartuchos brasileiros do Atari.
Com o sucesso das vendas, a Atari, Inc. e a DC quiseram lucrar mais, desta vez com uma revista mensal chamada “Atari Force” mostrando a história agora cerca de 25 anos no futuro. Então entre janeiro de 1984 e agosto de 1985, foi lançado uma segunda série, composta por 20 edições, contando com o retorno de Gerry Cornway nos roteiros e a magistral arte do José Luis García-López, um desenhista espanhol radicado na Argentina. Também tivemos o retorno do Ross Andru na arte das edições #04 e #05. Já na edição #13, a arte foi assumida pelo saudoso quadrinista uruguaio Eduardo Barreto, que emulava o estilo de Garcia Lopes, já na edição #14 até a última o roteiro foi assumido pelo Mike Baron.
Na nova trama o Capitão Martin Champion agora vive recluso em um satélite, passando o tempo enviando sondas pelo multiverso, já que ele ainda acredita que o inimigo do Esquadrão original, o Destruidor Negro (Dark Destroyer), ainda estava vivo em algum lugar do Multiverso, um antagonista brilhante em suas estratégias, mal em sua essência, e digo mais… Quando o Destruidor revela sua verdadeira identidade, e aqui eu afirmo a cada um dos nossos leitores que nunca tiveram a oportunidade de ler “Esquadrão Atari”, essa revelação vai fazer seu cérebro parar de reagir por alguns minutos.
Uma pequena curiosidade:
Esse interesse em pesquisar o Multiverso na tentativa de um grande Mal, se assemelha ao que o Monitor iria fazer durante a época da Crise nas Infinitas Terras, que seria publicada em 1985.
Mas voltando ao Esquadrão Atari, Martin Champion tem a plena certeza de que a Nova Terra está em perigo com o retorno do Destruidor Negro. Embora o Champion estivesse correto, a maior parte da humanidade não acreditava nisso, porém em decorrência de seu heroísmo em liderar o Esquadrão original à Nova Terra, não interferiam em suas buscas.
Outros membros foram Christopher Champion, também conhecido como “Tormenta” (Tempest), filho de Martin e da Lydia Perez e que tinha poderes de teletransporte através do multiverso, Erin “Dart” Bia O’Rourke-Singh, uma mercenária precógnita que as vezes tinha visões de possíveis futuros, ela era filha de Mohandas Singh e Li-San O’Rourke, a alienígena insectóide Morphea, uma empata criada para não ter emoções, o Bebê, o filhote alienígena de imenso tamanho e força, cuja espécie ao atingir a maturidade se transformavam em montanhas e Paco Rato (Pakrat), um roedor antropomórfico, covarde porém conhecido como o maior ladrão da galáxia, uma característica marcante de Paco é que se ele for levado a um alto nível de stress liberava seu lado mais agressivo.
Também se junta ao novo Esquadrão Atari o pirata espacial Blackjak, amante da Dart, o baixinho Taz, um pequeno guerreiro, último sobrevivente de sua raça, até o mesmo dar a luz a vários filhos, já que sua espécie tinha a habilidade de se reproduzir por autogênese e Kargg, o ex-subalterno do Destruidor Negro.
Falando no mercado brasileiro, as 20 edições de “Esquadrão Atari” foi publicado pela editora Abril, entre agosto de 1984 e agosto de 1986, nos icônicos formatinhos “Heróis em Ação” e “Superamigos”, como ocorreu em outros países onde foi publicado, a série teve no nosso país um grande sucesso, se tornando uma das mais populares sagas dos quadrinhos dos anos 1980.
Se você que está lendo essa matéria e nunca leu ou ouviu falar de “Esquadrão Atari” e está se perguntando se poderia comprar um encadernado em alguma grande loja online, sinto muito em desaponta-lo, em decorrência a questões de direitos autorais a Atari encerrou a parceria com a DC e requisitou os direitos dos personagens e seu universo, fazendo com que essa série nunca pudesse ser republicada, fazendo com que tais personagens ficassem nas lembranças dos que puderam ler. Uma dica, se você puder, garimpe as edições onde a saga foi publicada pelos sebos caso você seja um sortudo que leu ou ainda tem as HQs da Abril com a saga, aproveite para fazer inveja pra quem não leu ou leu e esqueceu.
Para encerrar trago uma “lenda”, do mundo dos quadrinhos, que diz que em 2015 a editora Dynamite Comics havia comprado os diretos e que pretendia lançar um encadernado, com as 20 edições de “Esquadrão Atari” em 2019. Porém já estamos em 2023 e nada.