CONHEÇAM AQUAMAN O REI DA ATLÂNTIDA (PARTE I)

Com a aproximação do 2ª filme do Rei da Atlântida “Aquaman and the Lost Kingdom” (Aquaman II: O Reino Perdido), com lançamento marcado para dezembro deste ano, resolvi trazer um apanhado de informações sobre a versão quadrinistica o personagem.

No segundo semestre de 1941a HQ “More Fun Comics #73” apresentou aos leitores a estreia do Super-Herói conhecido como Aquaman, criação da dupla Paul Norris, responsável pelas artes e Mort Weisinger, que ficou a cargo do roteiro. Em suas primeiras aparições ele era um personagem um pouco diferente daquele que conhecemos hoje.

Paul Norris e Mort Weisinger, dupla responsável pela criação do Aquaman

Originalmente o Aquaman era o filho de um oceanógrafo que descobriu as supostas ruínas submersas que ele considerava como a lendária Atlântida. Após traduzir os registros científicos encontrados no local o oceanógrafo conseguiu conceder ao seu filho as habilidades de sobreviver sem aparelhos nas profundezas oceânicas e de se comunicar com a fauna marinha. Assim que cresceu o rapaz adotou o nome heroico de Aquaman e passou a combater piratas modernos e as forças marítimas do Eixo, bem de acordo com o espírito da 2ª Grande Guerra.

Curiosamente as primeiras aventuras do Aquaman nunca foram republicanas pela DC em nenhum encadernado, já que nunca foram consideradas clássicas ou espetaculares, porém com nomes como Manly Wade Wellman, Joseph Greene, Otto Binder e Ruth Lyons Kaufman, considerada uma das únicas mulheres que escreviam quadrinhos na época, e tendo artistas como Louis Cazeneuve e John Daly conseguiram com que essas histórias tivessem um mínimo de diversão, o que provavelmente foi o que garantiu a “vida” que o personagem teve no mercado estadunidense, mesmo que todas as mudanças expressivas que esse mercado passou.

Os primeiros personagens coadjuvantes criados pelo Cazeneuve foram várias criaturas do mar, entre elas o Ark, uma foca de estimação que apareceu em várias das aventuras de Aquaman em 1940, e Topo, o polvo de estimação de Aquaman, que apareceu pela primeira vez na Adventure Comics #229, de outubro de 1956.

Página de abertura e a primeira versão da origem do Aquaman, publicado em 1941 na revista “More Fun Comics #73”

Depois que a More Fun Comics mudou para histórias de Super-Heróis, deixando de publicar histórias de humor e com o cancelamento da revista, Aquaman passou a ser publicada em outra antologia da DC, a “Adventure Comics” dos números 103 até o 284, lançadas entre abril de 1946 e maio de 1961, permanecendo nela por 14 anos como complemento para as histórias do Superboy, ou seja, Aquaman era apenas um herói secundário.

No final da década de 1950 estreou nas histórias do Aquaman o roteirista Robert Bernstein e a desenhista Ramona Fradon, considerada uma das poucas mulheres que trabalharam dentro do mundo dos quadrinhos da época, foi nesse período que eles introduziram a versão do Aquaman para a chamada “Era de Prata”, período onde ocorreu o renascimento do gênero de Super-Heróis. A estreia dessa versão ocorreu na “Adventure Comics #260”, lançada em maio de 1959. Para isso a dupla forneceu uma nova origem, para o personagem, substancialmente diferente do que já havia sito mostrado anteriormente.

Nessa nova origem do personagem conhecemos o faroleiro Tom Curry, que em uma tempestuosa noite encontra a deriva no mar uma misteriosa mulher chamada Atlanna.

Em pouco tempo os dois se apaixonam, em decorrência desse Amor cerca, de um ano após este primeiro encontro eles tiveram um filho, batizado com o nome de Arthur Curry, no entanto os mistérios em torno de sua mãe continuam persistindo e pior, se intensificando, principalmente quando o Tom descobre que seu filho consegue respirar debaixo d’água e se comunicar com a vida marinha.

Esse mistério permaneceu até que em seu leito de morte Atlanna revelou que era a herdeira da mítica Atlântida e que foi expulsa do reino aquático, simplesmente por querer explorar o mundo da superfície, sem a autorização de seu pai.

Para finalizar Atlanna afirmou que o seu filho estava destinado a comandar os todos os oceanos da Terra e, após o último suspiro da sua esposa Tom Curry passou a treinar arduamente o Arthur com o único objetivo dele se tornar apto a cumprir o seu destino de comandar os mares. E nesse mesmo período que vemos o personagem se tornando um dos membros fundadores da Liga da Justiça da América.

Robert Bernstein escreveu histórias do Monarca dos mares até a “Adventure Comics” #282 de março de 1961, onde introduziu personagens tão importantes como Aqualad e Aquagirl, enquanto a arte de Ramona Fradon estabeleceu a aparência do Aquaman que durou várias décadas. Aquaman continuou a aparecer nas “Adventure Comics” até a edição de #284, de maio de 1961.

Capa de “The Brave and The Bold #28”, com a Liga da Justiça, arte de Mike Sekowski e Murphy Anderson.

O personagem ainda teve histórias publicadas nas HQs “Detective Comics”, edições #293 até 300 de julho de 1961 até fevereiro de 1962, e na “World’s Finest Comics” das edições #125 até 139, lançadas entre maio de 1962 até fevereiro de 1964.

Por quase duas décadas de histórias contadas é surpreendentemente que o Aquaman nunca tenha aparecido em capas de nenhuma das revistas onde teve histórias publicadas, isso só mudou em 1960, quando ele e outros Heróis, apareceram na HQ “Brave and the Bold” #28, que trazia a estreia do grupo conhecido como Liga da Justiça.

Entre os meses de fevereiro e agosto de 1961, Aquaman teve quatro histórias testes publicadas nos #30 até o #33 da revista bimestral “Showcase”, depois o personagem ganhou sua própria série com a publicação de “Aquaman” #01, de 1962. Série que contou com cerca de 56 edições, publicadas entre fevereiro de 1962 e abril de 1971, chamada posteriormente de “Aquaman: Vol. I”.

Com a saída do roteirista Robert Bernstein e da desenhista Ramona Fradon das histórias do Aquaman, foi a vez da dupla de roteiristas George Kashdan e Bob Haney e do desenhista Nick Cardy, esse trio foi responsável por criar a grande maioria das histórias do personagem durante a “Era de Prata”.

Foi esse período que ocorreram as criações de grandes personagens da mitologia do Aquaman, como por exemplo o Topo, um adorável polvo que fazia as vezes de mascote e parceiro de aventuras do Arthur, que foi apresentado na história “Aquaman’s Undersea Partner”, publicado em “Adventure Comics #229”, de Outubro de 1956. Este e os elementos seguintes foram posteriormente, após o estabelecimento do Multiverso da DC na década de 1960, atribuídos ao Aquaman da Terra-Um.

A segunda origem do Aquaman, mostrada em “Adventure Comics #260” com arte de Ramona Fradon.

Em fevereiro de 1960, as HQs do Aquaman mostravam ele atuando sozinho, até que na edição “Adventure Comics #269” os leitores foram apresentados ao jovem Aqualad, também conhecido como Garth, criado pela dupla Robert Bernstein (roteiros) e Ramona Fradon (artes). Diferente de seu guardião, o Garth era um atlante de sangue puro, original de uma tribo, composta principalmente por pacifistas, conhecida como Idyllist

Como Garth nasceu com olhos roxos, uma anomalia que, segundo a mitologia da tribo Idyllist, significava a marca de uma linhagem maligna, ele acabou sendo expulso mesmo tendo um status real.

Apresentação do Garth, o Aqualad, na HQ “Adventures Comics #269”

Já na 2ª metade da década de 1960, foram criados dois dos maiores Supervilões da mitologia do Aquaman.

Começamos em 1966, na edição “Aquaman #29” onde a dupla Bob Haney e Nick Cardy criaram o Orm, mais conhecido como o Mestre do Oceano (Ocean Master). Nessa sua primeira aparição, Orm era bem diferente de como o conhecemos hoje, ele era uma espécie de pirata que usava de aparatos tecnológicos para atacar navios e controlar formas de vida marinhas até um certo nível. Nessa primeira versão foi revelado que, depois do falecimento de Atlanna, o pai do Aquaman, Tom Curry, se casou com uma mulher humana normal chamada Mary O’Sullivan, com a qual teve um filho chamado Orm Curry, meio-irmão de Arthur Curry.

Orm cresceu como um jovem problemático, demonstrando tendências malignas desde a mais tenra infância, além de se sentir sempre na sombra de seu meio-irmão, que sempre o socorreu dos problemas com a lei, os sentimentos do Orm em relação ao Aquaman evoluiu até se tornar um grande ódio pelo Aquaman, não apenas pelos poderes que ele nunca poderia ter, mas também porque acreditava que seu pai sempre amou mais o primeiro filho. Orm desaparece por anos, retornando como um dos grandes inimigos do Aquaman, o Mestre do Oceano.

Já na edição “Aquaman #35”, lançada em 1967, fomos apresentado ao Arraia Negra (Black Manta), criação de Nick Cardy e Bob Harney. Apesar de ser um vilão extremamente respeitado, o Arraia Negra não possui poderes ou habilidades especiais. Para suprir suas necessidades, ele se tornou um pirata tecnólogo, cuja identidade era desconhecida.

O Arraia desenvolveu um uniforme negro e um capacete com grandes lentes capazes de disparar raios de energia, além disso ele criou um submarino no formato de uma arraia e contratou mercenários, que agiam como seu exército particular. Tudo isso foi financiado por uma imensa fortuna, oriunda através seu trabalho como caçador de recompensas.

Os Supervilões Arraia Negra e o Mestre dos Oceanos

A equipe composta por Kashdan, Haney e Cardy ficou no título até a edição “Aquaman” #39, lançada em março de 1968, sendo substituídos em maio do mesmo ano pela nova equipe, composta pelo roteirista/desenhista Steve Skeates e pelo desenhista Jim Aparo, ambos trouxeram novos níveis de sofisticação para os personagens e suas histórias.

Em “Aquaman #11”, com data de capa de outubro de 1963, temos a história “The Doom from Dimension Aqua”, onde vemos um mundo aquático conhecido como Dimension Aqua, lá o criminoso Leron assume o controle do reino de Xebel, depondo a rainha Mera, uma humanoide dotada de poderes Hidrocinéticos, e exilando ela na dimensão da Terra, aqui a Mera passa a contar com a ajuda do Aquaman e do Aqualad, em pouco tempo Mera se torna o interesse amoroso do Aquaman, em poucos meses os dois se casam, na edição “Aquaman #18”, dezembro de 1964.

Capa da “Aquaman #18”, de dezembro de 1964, com o casamento entre o Aquaman e a Mera. E ao lado o nascimento do pequeno Arthur Curry Jr., também chamado de Aquababy

Falando em casamento de Super-Heróis, o Aquaman não foi o primeiro a casar nas HQs americanas, três outros membros da Liga da Justiça o precederam neste quesito, tivemos o Gavião Negro em “The Brave and The Bolt #34” de março de 1961, o Homem-Elástico em “The Flash #119” de março de 1961 e o Flash em “The Flash #165 de novembro de 1966, no entanto ele foi o primeiro a ter seu casamento retratado com pompa e circunstância nas páginas de uma revista, e definitivamente, ele foi um dos primeiros a ter um filho, já que em “Aquaman #23”, lançado em outubro de 1965, onde a Mera deu a luz a Arthur Curry Jr., que ficou mais conhecido entre os leitores como Aquababy.

Um dos acontecimentos mas trágicos cometidos pelo Arraia, aconteceu na HQ “Adventure Comics #452”, publicado em agosto de 1977 escrita pelo David Michelinie e desenhado pelo Jim Aparo. Nessa edição o Arraia Negra e seu exército conquistam a tribo dos pacifistas Idylistas, lá ele pretende criar um reino para si e seu exército, além de querer derrotar de vez o Aquaman. Lá ele consegue capturar o Aquaman e seu parceiro, o Aqualad e nesse momento ele retira, pela primeira vez seu capacete, revelando que é um afro-americano, fato relativamente impactante na década de 1970.

Para isso ele controla o polvo Topo, utilizando um dispositivo telepático, e consegue capturar o Arthur Curry Jr., também conhecido como Aquababy, filho do Aquaman com a Mera e o prende em um Globo de vidro sem água, como o Aquababy só consegue respirar na água ele tem pouco mais de cinco minutos de vida.

Como condição para não deixar o bebê morrer, o Arraia coloca o Aquaman e o Aqualad em uma arena para lutarem entre si usando tridentes, até que um deles seja morto. Depois de alguns golpes serem desferidos, Aquaman deduz que Topo ainda pode seguir seus comandos e interrompe a luta, fazendo com que o polvo destrua a caixa de controle do Arraia Negra, logo após Aquaman lança seu tridente na prisão de vidro de Aquababy e a quebra, porém ele chega tarde demais, seu filho está morto e o Arraia Negra consegue escapar durante a confusão.

Momento de dor na vida do Aquaman, a morte do seu filho, publicado em “Adventure Comics #452”, em agosto de 1977

Algum tempo depois os dois rivais se encontram e voltam a lutar, desta vez quase que o Arraia consegue matar o Arthur, porém ele é traído por um de seus mercenários, chamado Cal Durham, quebrado o Arraia implora por misericórdia e em decorrência de seus ideais e comprometimento, o Aquaman não o mata, deixando as autoridades prenderem o Supervilão.

Nas próximas semanas trarei a Parte II da história do Aquaman, até logo!!

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