REVIEW DE MY ADVENTURES WITH SUPERMAN (SEM SPOILERS)

O Superman é o personagem fundamental não só da DC, mas de todo o gênero de Super-Heróis desde sua estreia em Action Comics #01, criação máxima da dupla Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1938. Sua criação é hoje considerada o início dos quadrinhos de Super-Heróis. Curtas-metragens animados centrados no Superman datam do início da década de 1940 com a cinessérie de cinema “Superman”, produzida pelos irmãos Fleischer.

Na última sexta-feira, 01 de setembro, foi liberado o último episódio da 1ª temporada de “My Adventures With Superman” (Minhas Aventuras com o Superman) série desenvolvida por Jake Wyatt com o Studio Mir cuidando da animação. Essa nova série centrada no Homem de Aço é uma das melhores adaptações de super-heróis de 2023.

A série conseguiu nos trazer uma nova visão de um dos personagens mais familiares da cultura pop, bem como todos os outros personagens coadjuvantes ao seu redor. Com estilos visuais e sensibilidades narrativas de um anime shonen, a série se mostrou diferente de qualquer outra adaptação anterior do Superman.

Clark Kent, Lois Lane e Jimmy Olsen

Especialmente depois da interpretação mais sombria e “corajosa” do Clark Kent interpretado pelo Henry Cavill no DCEU, a série alegre é uma mudança bem-vinda que devolve o Homem de Aço às suas raízes, enquanto nós faz transitar pelos estágios iniciais de como ele irá se tornar o maior Super-Herói do mundo.

A série fez uma escolha radical em recuar das recentes decisões criativas que empurraram o Superman para um território mais sombrio, com os filmes vendo a bondade inerente do personagem como algo chato, fora do mundo atual, aqui o Superman não possui um complexo de superioridade e não é visto como um deus, mesmo com todos os seus poderes divinos.

Pelo contrário, aqui vemos um Superman contente, ainda mais quanto atua como Clark Kent, por todos esses elementos que fazem dessa primeira temporada uma representação extraordinária do personagem, foi mais que acertada a decisão dos roteiristas em permitir que o Superman priorize primeiramente o resgate, no lugar do combate, como a que estamos acostumados nessas produções.

Primeira entrevista com a intrépida Lois Lane

“My Adventures With Superman” traz em seu cerne um nível inerente de charme devido a dois elementos-chaves específicos da criação dos roteiros, a primeira nos permitir ver que esta versão do Homem de Aço comece com um Clark Kent, em seus vinte e poucos anos, ainda aprendendo sobre tudo o que é capaz, tendo o seu desejo inerente em ser visto como “normal” pelos outros, enquanto participa de seu primeiro dia de estágio no “Planeta Diário, um objetivo que é rapidamente prejudicado pela primeira vilã da série, a Livewire (Curto-Circuito), que surge em Metrópolis utilizando tecnologia alienígena para cometer seus crimes. Essa história e o subsequente desejo de Clark de equilibrar esses dois lados de si mesmo continua ao longo da temporada e cria alguns dos momentos mais dinâmicos da série.

O segundo ponto é o estilo artístico com o qual a equipe de animação trabalha, parecendo mais próximo de designs de personagens estilizados em anime do que estávamos acostumados com as séries e longas animados da DC. Aqui não temos uma hipermasculinidade no design do Superman, com a animação muitas vezes implodindo expressões faciais simplificadas para suas reações que adotam uma fofura. A mesma mudança ocorre com a Lois, que por sua vez, recebeu uma atualização com um design mais esportivo e uma inédita herança coreana. Esses dois aspectos por si só já se mostram mais que suficientes para tornar a série algo que vale a pena ser vista, algo com uma animação excelente.

Impedindo um assalto a banco

Ela pode não ter o mesmo nível de sequências de luta que víamos em “Superman : The Animated Séries” de 1996, essas cenas fazem falta? Não, graças aos roteiros. Porém não estou dizendo que não temos cenas de ação, basta vermos os episódios 08 e 09, em que temos uma direção fluida, conseguindo com isso nos entregar sequências cheias de ação, onde o amálgama entre roteiro e direção nos garante que, quando a ação se achar necessária ela seja dada com o nível certo de peso e impacto para que cada golpe seja sentido.

Uma das partes que torna essa série um verdadeiro deleite visual são as animações de fundo, que permitem que a animação tenha linhas mais suaves e foco, criando uma estética mais sonhadora, mostrando os movimentos fluidos enquanto o Superman voa pela cidade.

Saúdem o novo Mr. Mxyzptlk

Mas onde a série surpreendeu e espero que seja assim na próxima temporada, são nos roteiros, que nos entregaram de forma linda a jornada de um simples herói, mostrando um jovem Clark abraçando quem ele é, e ao mesmo tempo nos mostrando esse mesmo Clark aprendendo a processar quem ele poderia ter nascido para ser e contra quem ele está trabalhando ativamente. A grande preocupação dele é ter sido mandado como uma arma viva kryptoniana de conquista, um objeto de destruição.

Enquanto nos é mostrado que, aparentemente, os kryptonianos são militaristas e cruéis, o nosso Clark se mostra inversamente o oposto, seu objetivo é salvar o máximo de pessoas que puder, desde ajudar uma garotinha a encontrar seus pais, resgatar gatos de árvores, voar para pegar um helicóptero que está quebrado no meio do voo ou deter um imenso kaiju que ameaça a cidade.

A nova Livewire (Curto-Circuito)

Essa animação da DC foi uma das que tiveram sucesso onde os projetos live-action no DCEU muitas vezes falharam, esse sucesso pode ser atribuído em grande parte à diversidade de estilos e abordagens narrativas que a opção de animações oferece. Já no novo DCU, James Gunn e o Peter Safran parecem estar conduzindo o DC Studios em uma direção semelhante, com um novo foco, desta vez voltado para a narrativa, trazendo algo diferente para cada projeto.

“Uma das coisas que é muito importante para mim em todos esses filmes e séries de TV é que a visão do diretor, e a visão dos roteiristas e de todos os criadores, seja algo único e especial, atualmente isso é tudo o que importa para nós.” Disse o Gunn durante seu vídeo de anúncio para a próxima lista de produções da DC.

O novo Slade Wilson/Exterminador

A equipe criativa de “My Adventures With Superman”, que inclui o produtor executivo Sam Register, os coprodutores executivos Jake Wyatt e Brendan Clogher, e a coprodutora Josie Campbell, nos mostraram que, claramente, gostam das HQs do Kal-El, e é esse conhecimento que ajuda a suavizar as mudanças estilísticas que, de outra forma, poderiam ser considerado pela maioria dos fãs desagradáveis.

Aqui o vilão interdimensional Mr. Mxyzptlk é re-imaginado como um Diabrete de pele azul, no entanto você consegue ver o mesmo vilão que o Alan Moore nos mostrou na célebre HQ “Whatever Happened to the Man of Tomorrow” (O que aconteceu ao Homem de Aço?) na rapidez com que ele transita entre uma praga provocadora para uma ameaça aterrorizante.

Jonathan e Martha Kent

Outro que na minha opinião foi muito bem adaptado foi o Slade Wilson, que nos foi apresentado pela primeira vez como um arquétipo de bishonen charmoso, mas cruel, com seus cabelos loiros que estrategicamente caem sobre um de seus olhos dourados antes de assumir se vestir como um Exterminador portando duas katanas. Uma surpresa que essa temporada trouxe foi a ausência do Lex Luthor, que apesar de não ser visto em nenhum lugar, ele chega a ser sugerido em um momento da série, mesmo sem o principal antagonista do Superman aparecer, a temporada nos apresenta um forte grupo de outros inimigos para testar os poderes do Superman.

Nessas mudanças todas, o próprio Homem de Aço também recebeu uma porção pesada de estética de anime, incluindo o ponto que causou um certo hater entre alguns, a forma charmosamente pateta dele ter uma sequência de transformação igual a de garotas mágicas nipônicas quando ele ganha da I.A. do Jor-El o seu uniforme pela primeira vez.

Mr. Mxyzptlk apresentando os Supermen do Multiverso, temos o da Terra-12 (o da cinessérie dos Irmãos Fleischer), o da Terra-50 (o da série de TV “SuperAmigos”), o da Terra-508 (da série produzida pelo Bruce Time) e um Super-Carangueijo desconhecido.

Também temos um toque de anime no momento em que o Superman está energizando ao máximo seus poderes, em certos momentos surge uma espécie de energia azul, o que não apenas o faz parecer mais com o Goku, mas parece sugerir que a série está construindo uma explicação mais complexa de onde essas habilidades vêm do que os já clássicas células receptores de energia solar.

Porém mesmo com todas as mudanças, essa versão do Último Filho de Krypton parece muito mais um sucessor natural da versão compassiva do personagem imaginada por Bruce Timm em Superman: The Animated Series e Justice League do que as representações cinematográficas mais recentes. Ao incorporar traços de anime familiares aos espectadores mais jovens, a série consegue com que o personagem suba no coração de uma nova geração de espectadores.

A série tem uma abundância de coração, humor e introspecção com personagens clássicos que foram revitalizados, tornando-os ainda mais agradáveis. A capacidade da série de entender que o Superman pode ser interessante como uma figura otimista e gentil reforça o enredo enquanto você vê o mundo tentando minar essa compaixão.

Essa temporada contou com 10 episódios onde tivemos as dublagens de Jack Quaid como Clark Kent/Superman, Alice Lee como Lois Lane e Ishmel Sahid como Jimmy Olsen, a versão nacional contou com Guilherme Briggs como Clark Kent/Superman, Mônica Rossi como Lois Lane e Gustavo Nader como Jimmy Olsen.

Jack Quaid, Alice Lee e Ishmel Sahid.

Guilherme Briggs, Mônica Rossi e Gustavo Nader.

Muitos vilões e negacionistas duvidam dele porque não conseguem entender alguém que arriscaria a própria vida e sua integridade física sem expectativa de nada em troca. A série entende que o poder do Superman não está apenas nos músculos e no poder que ele detém, mas em sua capacidade de ser um farol de bondade para a humanidade.

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