CONHEÇAM A SÉRIE “WONDER WOMAN” DA DÉCADA DE 1970 – Parte I
Antes de entrarmos no cerne do texto de hoje, vou trazer um pequeno resumo sobre a criação da Mulher-Maravilha (Wonder Woman).
A Super-Heróina foi criada pelo psicólogo americano Dr. William Moulton Marston, sob o pseudônimo de Charles Moulton, em 25 de outubro de 1940. O Dr. Moulton ficou mundialmente conhecido por ser o inventor do Detector de Mentiras ou Polígrafo, aparelho que foi usado por muitos anos nas investigações criminais.
A Mulher-Maravilha tornou-se uma resposta feminina para os inúmeros Super-Heróis que estavam pipocando nas bancas americanas e caiu nas graças do publico feminino, se tornando um grande grande sucesso de vendas, principalmente pelo fato de que nessa época as mulheres estavam tento um reconhecimento, já que grande parte dos homens se encontravam lutando contra o Eixo na Europa.
Na trama criada pelo Dr. Moulton a Mulher-Maravilha é uma princesa amazona de origem grega, chamada Diana, que mora numa ilha remota habitada por mulheres amazonas, quando cai um avião dos aliados, onde sobrevive o piloto Steve Trevor, então após um torneio, a princesa Diana deixa e volta para a América com o piloto e começa uma lutar contra os países que formam o chamado Eixo durante a Segunda Guerra Mundial.
Falando agora da série, desde o sucesso das animações do Superman, produzidas pelos Estúdios Fleischer/Famous no início da década de 1940 e ao sucesso da cinessérie do “Batman”, produzido pela Columbia Pictures em 1943, cogitou-se fazer uma produção voltada para o universo da Mulher-Maravilha, no entanto nada saiu do papel.
Já na década de 1950 retornou-se com a ideia de produzir um seriado da Mulher-Maravilha, principalmente em decorrência ao tremendo sucesso que o Syndication e depois o canal ABC estavam conseguindo com a telessérie “As Aventuras do Super-Homem” (The Adventures of Superman) estrelada pelo George Reeves.
Dos anos ’50 damos um pulo até 1966, onde o canal ABC estava aproveitando o enorme sucesso da serie “Batman”, estrelada pela dupla Adam West e Burt Ward, todo esse sucesso fez com que a DC resolvesse fazer algo concreto em relação a uma possível produção estrelada pela Super-Heroína, porém Infelizmente o cancelamento precoce de “Batman” afetou os planos para uma série da Mulher-Maravilha e o medo de ter em mãos um grande fracasso fez com que, novamente, o projeto foi deixado de lado.
Partindo para as HQs, mais precisamente em 1968, onde o título da Mulher-Maravilha sofreu mudanças radicais que seriam sentidas ao longo dos anos, mais precisamente em “Wonder Woman” #178, a dupla Denny O’Neil e Mike Sekowsky, recriaram a Mulher-Maravilha, fazendo com que nessa nova versão ela seja chamada para decidir se ficará em Themyscira ou iria permanecer no Mundo dos Homens, ela decide ficar, onde consequentemente perde em seus poderes, mas não sua veia heroica. Aprendendo Kung Fu, Diana passa a combater vários inimigos, chegando a tornar-se uma espiã. Foi justamente nessa fase da vida da personagem que a DC decidiu produzir e gravar um episódio-piloto de uma série da Princesa de Themyscira. Foi exatamente nesse período que uma real tentativa de trazer uma versão em live-action da personagem para a TV.
Mesmo tendo o premiado roteirista John D.F. Black, onde ele deu um foco maior nos personagens, porém o John D.F. Black não levou em consideração que era uma série de uma personagem de HQ, fazendo com que sua única cena de ação ocorresse em uma única luta entre a Diana e a Ângela. Esse piloto contou com a direção de Vincent McEveety.
Com um roteiro fraco desse, juntamente com a descaracterização da personagem principal, além de trazer um elenco de protagonistas muito fraco a série não chamou a atenção de ninguém.
Durante o ano de 1974 o canal ABC (sempre ele) produziu e exibiu um telefilme de 90 minutos, que poderia ser chamado de episódio -piloto, onde eram mostradas as aventuras da assistente do espião Steve Trevor, vivido pelo ator Kaz Garas, chamada Diana, interpretada pela Cathy Lee Crosby, onde combatiam o vilão Abner Smith, vivido pelo carismático Ricardo Montalban, astro da série Fantasy Island (A Ilha da Fantasia) e uma amazona renegada chamada Ângela, vivida pela Anitra Ford. A dupla de vilões se apoderam de um equipamento capaz de decifrar os códigos secretos do governo americano, colocando em risco vários agentes infiltrados.
Com tudo isso é claro que esse piloto não agradou em nada os executivos da rede ABC, que imediatamente solicitaram o desenvolvimento de um novo piloto.
Felizmente a Warner Brothers não desistiu do projeto e, juntamente com a ABC, decidiu dar mais uma à Princesa Amazona uma nova oportunidade. Desta vez foi aceito um roteiro apresentado pelo veterano ator/roteirista Stanley Ralph Ross, que já vinha tentando apresentar um roteiro para uma série, ou filme, da Mulher-Maravilha há alguns anos.
O primeiro ato da pré-produção foi mandar o roteirista Douglas S. Cramer reescrever o roteiro, que ambientou a série durante a Segunda Grande Guerra Mundial, mesmo período em que a Super-Heróina foi criada nos quadrinhos. Como os Produtores Executivos da primeira temporada da série foram escolhidos a dupla Douglas S. Cramer e Wilford Lloyd Baumes.
“Wonder Woman” contou com a linda Miss America Lynda Carter, estreante no mundo artístico, como a protagonista. Porém a escolha da Carter causou um problema com a Warner Bros., já que o estúdio queria alguém que tivesse experiência dramática.
No entanto depois dos testes com as atrizes Joanna Cassidy, Raquel Welch, Farah Fawcett, Lindsay Wagner e Suzanne Sommers, além da ameaça de Douglas Cramer em abandonar o projeto, a Warner Bros. teve que ceder e Lynda acabou se confirmando no papel da Mulher-Maravilha. O público e a critica o acolheu calorosamente a série, cujo um dos pontos alto era a interpretação de Lynda Carter que se mostrou definitivamente atordoante.
“Wonder Woman ” começou com um longa-piloto chamado “The New Original Wonder Woman”, baseado na primeira história da personagem, passada durante a Segunda Grande Guerra Mundial, mostrando a Ilha Paraíso, localizada no centro do “Triângulo das Bermudas” e habitada a milênios por belas mulheres imortais, chamadas de Amazonas.
Essas mulheres viviam refugiadas nesta Ilha por causa da violência do patriarcado na Antiguidade, ao longo dos séculos elas conservaram consigo os segredos da imortalidade e poderes divinos.
Tudo corria na paz e normalidade, até que em 1942, o Major e Piloto americano Steve Trevor, vivido pelo ator Lyle Waggoner, foi ferido após um combate aéreo contra um avião nazista, caiu na Ilha, Trevor foi salvo pela Diana, seu resgate serviu para mostrar as Amazonas que o mundo exterior está em guerra contra o Nazi-Fascismo, o qual ambiciona escravizar toda a humanidade.
Hippolyta, a Rainha da Amazonas, vivida pela atriz Cloris Leachman, decide enviar sua mais poderosa guerreira para auxiliar os Aliados a derrotar o 3ª Reich, que para Hippolyta assemelha-se a uma nova versão de seus opressores patriarcais ancestrais, os seguidores do deus da guerra, o Ares, escolhendo-a através de uma competição atlética em estilo olímpico. A eleita acabou sendo a bela Princesa Diana, filha da Rainha Hippolyta, que parte armada de poderosos presentes divinos, como dois braceletes capazes de repelir qualquer ataque, como flechas, lanças e balas, o Cinturão do Poder, o uniforme clássico dos quadrinhos contendo as cores do país do Steve Trevor e o poderoso Laço da Verdade, que obriga qualquer um, envolto nele, a contar somente a verdade.
Pilotando seu Avião Invisível, Diana chega aos Estados Unidos e deixa o Trevor em um Hospital Militar e quase que imediatamente começa sua luta contra espiões e sabotadores nazistas, que estavam planejando bombardear Washington DC, detém assaltantes de bancos, acaba sendo contratada pelo cai agente teatral corrupto Ashley Norman, vivido pelo ator Red Buttons, desmascara a agente dupla nazista “Marcia”, interpretada pela atriz Stella Stevens, que conspirava para matar o Major Trevor, e ao final, a Mulher-Maravilha enfrenta o Coronel Nazista Von Blasco, vivido pelo ator Kenneth Mars, enviado para bombardear vários alvos Militares Americanos.
E vamos de uma pequena curiosidade sobre a primeira temporada:
Os roteiristas resolveram criar um poder novo para a Mulher-Maravilha, a capacidade de imitar vozes, posteriormente essa capacidade de ventriloquismo foi abandonada, o que causou uma sensação estranha para seus fãs, já que em um episódio ela utilizava o ventriloquismo, e depois nunca mais usou.
Voltando a série. Já ambientada no Mundo dos Homens a Mulher-Maravilha adota uma identidade secreta de uma Oficial da Marinha chamada Diana Prince, usando como disfarce um par de óculos e penteado em forma de coque, algo claramente inspirado em Clark Kent, e atuando como a nova secretária do Major Steve Trevor. E assim como nas HQs, aqui o Trevor torna-se o virtual par romântico da Super-Heróina, mas sem imaginar que ela também nutria o mesmo sentimento por ele. Este filme-piloto tem cerca de duas horas de duração.
Mediante a boa aceitação pelo público do episódio-piloto, a Warner Bros. queria uma temporada completa de “Wonder Woman” com o mesmo elenco, porém ela ficou marcada pelo temor da ABC em investir em uma série de quadrinhos, principalmente uma tendo uma mulher como protagonista.
Ao verem o sucesso e os índices de audiência do telefilme, a ABC finalmente deu carta branca para que fossem produzidos mais 13 episódios, contabilizando no total cerca de 14 episódios nessa primeira temporada, alcançando os índices de audiência desejados e tornando-se um sucesso de público.
Destacamos nessa primeira temporada os três primeiros episódios, como o piloto “The New Original Wonder Woman”, o segundo intitulado “Wonder Woman Meets Baroness von Gunther” e o terceiro “The Nazi Wonder Woman”, todos tendo mulheres como vilãs, de todas apenas a Baronesa von Gunther e a Fausta vieram diretamente das HQs.
Fora esses episodios podemos destacar o quinto e o sexto episódios, intitulados de “The Feminum Mystique”, episódio duplo que introduziu a estreante Debra Winger no papel da Amazona Moça-Maravilha.
Os episódios duplos sétimo e oitavo, chamados “Judgment From Outer Space”, mostra a Terra sendo visitada por um alienígena chamado Andros, vivido pelo ator Tim O’Connor. Ele foi escolhido por uma raça de poderosos seres para julgar os humanos e decidir se o planeta deveria ser ou não destruído. Por fim temos o décimo quarto episódio, o último da primeira temporada, intitulado “Wonder Woman in Hollywood”, onde a Diana reencontra a Moça-Maravilha em Hollywood.
No entanto esse sucesso ainda não convencia a ABC que valia a pena manter a série, a justificativa dada era que os altos custos de produção, principalmente pelo fato da série ser ambientada na década de 1940, onde o investimento para a construção dos cenários, figurinos e veículos de época eram caros, essa foi a razão oficial do cancelamento da série, no entanto nos bastidores é dito que o verdadeiro era que a ABC nunca gostou da série e simplesmente decidiu cancela-la.
Na próxima quarta-feira lhes trago a parte final dessa matéria, até lá.