REVIEW DA MAGISTRAL MINISSÉRIE “KINGDOM COME” PARTE I

Em 1994 chegava as bancas americanas a primeira edição de “Marvels”, escrita por Kurt Busiek e pintada pelo jovem Alex Ross, foi durante o tempo em que ele estava trabalhando em “Marvels” que começou a ter ideias sobre uma série ambientada no Universo DC, o sucesso desse trabalho deu ânimo para levar essas ideias para frente. Para começar ele escreveu um manuscrito de cerca de 40 páginas.

As portas da DC começaram a abrir quando o editor Peter Tomasi o contratou para fazer uma capa para o Espectro, e depois o apresentou ao roteirista Dan Raspler e, posteriormente, ao próprio Mark Waid. Uma vez que os dois já estavam trabalhando juntos a estrutura da história começou a tomar forma do que viria a ser a minissérie em quatro edições chamada “Kingdom Come” (O Reino do Amanhã), publicada pela primeira vez em 1996, com quadros magistralmente pintados em guache pelo Alex Ross.

De acordo com o Ross, esse projeto seria algo como a série “Watchmen” (1986-1987) da dupla Alan Moore e Dave Gibbons e ao “Crepúsculo dos Super-Heróis” (Twilight of the Superheroes) um trabalho não concluído do Alan Moore. Com a aprovação do projeto, Ross se juntou ao escritor Mark Waid, que havia sido recomendado pelos editores da DC devido à sua forte familiaridade com a história dos Super-Heróis da DC.

Alex Ross & Mark Waid, responsáveis por “Kingdom Come”

A história foi publicada sob o selo “Elseworlds” da DC, ou seja, ela é uma série ambientada em uma realidade alternativa fora do Universo DC convencional, situada em um futuro distópico, Waid e Ross escreveram a história como uma acusação contra a tendência crescente de arquétipos violentos de anti-Heróis que estavam surgindo no início da década de ’90, muitos dos quais foram criados pela editora rival da DC, a Image Comics.

Essas atitudes obrigam os antigos Super-Heróis da Liga da Justiça a retornarem a ativa para pôr um fim aos atos violentos cometidos por seus sucessores, o que acaba levando a um conflito para determinar o que o heroísmo realmente é, além de determinar o futuro da Terra.

O roteiro abordou os Super-Heróis e a complexa questão de até que ponto seres com superpoderes podem interferir no mundo de pessoas normais, “Kingdom Come” é, antes de tudo, uma grande homenagem prestada aos Super-Heróis da DC, a editora responsável pelas histórias da Trindade Superman, Mulher-Maravilha e Batman.

Wesley Dodds passando o poder da previsão para o pastor Norman McCay

Anos depois o Universo de “Kingdom Come” foi reintroduzido em 2006 como uma das cinquenta e duas Terras no Multiverso recriado depois do evento “Infinite Crisis” (Crise Infinita). A nova realidade que comporta a realidade do Universo de “Kingdom Come” foi designada como Terra-22, embora com algumas pequenas diferenças.

O enredo desse “Elseworlds” se passa vários anos no futuro, em um mundo onde os Super-Heróis clássicos como Superman, Mulher-Maravilha e Batman, não mais lideram a famosa Liga da Justiça, e se afastaram do centro das decisões, abrindo espaço para novas gerações de meta-humanos, assumirem o combate ao crime.

O afastamento do Homem de Aço ocorreu em decorrência da tragédia do Planeta Diário, quando o Palhaço de Gotham, o Coringa, decide atacar a redação, causando a morte de praticamente todos os amigos do Clark, principalmente sua esposa, a Lois Lane. Superman captura o louco, porém o novo meta-humano de Metrópolis, conhecido como o violentíssimo Magog, um pastiche do Cable, personagem violento da Marvel, decide colocar um ponto final nas matanças do Coringa, matando o Palhaço com uma rajada de energia antes de seu julgamento.

Nos anos seguintes, aumenta a proliferação de meta-humanos superpoderosos que se envolvem cada vez mais inúmeros conflitos sem sentido inconsequentes que não visavam o bem-estar coletivo, principalmente dos cidadãos comuns e indefesos, fazendo com que quase não houvesse distinção entre quem eram os “Super-Heróis” e os “Supervilões”.

Os pretensos novos protetores da Terra brigando entre si

Em decorrência disso o Superman prende Magog, que é levado a julgamento, porém o foi tribunal considerou Magog inocente, com isso o mundo saudou o Magog como o Super-Herói número 01 de Metrópolis. Após o veredicto, o Homem de Aço ficou tão decepcionado com o fato da sociedade ter aceitado o uso de “justiça brutal” que decidiu abandonar a vida de Herói. Sem os pais, que já haviam falecidos a anos e agora sem seu grande amor, ele decide abandonar a identidade de Clark Kent e o mundo dos humanos, optando por passar a morar no interior da Fortaleza da Solidão e viver isolado como um fazendeiro.

Sem a presença do Superman atuando como um farol, uma força orientadora presente na comunidade de Super-Heróis, a linha entre herói e vilão se rompeu, ficando cada vez mais difícil conseguir distinguir quem era o mocinho e quem era o herói, com isso as constantes lutas entre esses pretensos novos protetores da Terra começou a ceifar várias vidas inocentes.

Cerca de vários anos depois, Magog era líder de um grupo de Super-Heróis chamado O Batalhão da Justiça, versões de heróis da extinta editora Charlton Comics. Ele começaram a caçar um envelhecido Parasita pelo meio-oeste estadunidense, que sem as opções de rendição ou fuga, parte para o ataque.

Momento em que os humanos preferiram o Herói que mata no lugar do que não mata

Essa luta acabou terminando de uma forma abrupta e terrível, resultando em uma catástrofe nuclear, quando um ataque repentino do Parasita, rasga o peito do Capitão Átomo, fazendo com que seu corpo exploda, liberando toda sua radiação quântica, como resultado dessa explosão grande parte do “Celeiro da América”, principalmente o estado do Kansas, e esterilizada de toda forma de vida. Magog sobreviveu devido a invulnerabilidade e desapareceu dentro do deserto radioativo.

Depois de todos esses eventos somos apresentados a um humano, o pastor Norman McCay, que após a morte do Wesley Dodds, antigo membro da Sociedade da Justiça da América, passa a recebe visões apocalípticas de um sombrio futuro. Algum tempo depois McCay recebe a visita do Espectro, o Espírito da Vingança, que percebe que o pastor possui um forte senso de justiça, além de entende a ruína a qual a humanidade está se encaminhando.

Portanto sua ajuda se torna fundamental para amparar o julgamento do Espectro, que em obediência a um Poder maior, é incumbido de punir os responsáveis pelo mal que virá. Com isso o pastor McCay começa a presenciar os acontecimentos que ocorreram a partir da tragédia no meio-oeste, o Espectro o torna como uma sombra que consegue andar pelo mundo sem ser percebido enquanto acompanha o desenrolar da trama.

Nas próximas semanas trarei a Parte II.

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