CONHEÇAM UMA DAS MELHORES SÉRIES ANIMADAS DO BATMAN

 

A produção “Batman: The Animated Series” (Batman: A Série Animada) foi uma série animada de TV de super-heróis baseada no Super-Herói Batman, publicado pela DC, a série foi desenvolvido pelo trio Bruce Timm, Alan Burnett e Eric Radomski, sendo produzida em conjunto pela Warner Bros. Animation e Warner Bros. Family Entertainment, ela passou a ser conhecida como a primeira produção do que se passou a chamar “DC Animated Universe”.

Como dito anteriormente, a incumbência de produzir e desenvolver a série ficou nas mãos dos Timm, Burnett e Radomski, que contaram com o auxílio do roteirista Paul Dini, responsável pelos roteiros de outras séries. Quando a primeira temporada foi exibida, a produção o título da série ainda não havia sido colocado na tela, porém oficialmente a série já era chamada de “Batman: The Animated Series”. A série foi ao ar pela Fox Kids de 05 de setembro de 1992 até 15 de setembro de 1995, com um total de 85 episódios.

Bruce Timm, Alan Burnett e Eric Radomski, produtores da série.

Os roteiros foram parcialmente inspirada nas HQs do Batman , principalmente da época em que elas eram escritas pelo Frank Miller, e nos 02 filmes do Batman, dirigidos pelo Tim Burton, também recebeu fortes influências dos curtas animados do Superman, lançados na década de ’40 e produzidos pela Fleischer Studios. Timm e Radomski conceberam a série mantendo uma ambientação que era definida por eles como de “transcendental atemporalidade”.

Foram incorporados efeitos visuais como as modas do vestuário em preto-e-branco e estilo dos anos de 1940, inclusive no Batmóvel, nos dirigíveis policiais, e cores em tons sombrios ao estilo dos filme Noir. Sobre a trilha sonora, foi inicialmente utilizado um tema musical composto a partir de uma variação da música escrita por Danny Elfman para os filmes do Batman do Burton, mais tarde os episódios da série exibiram um novo tema com um estilo semelhante ao de Shirley Walker, além de canções da década de ’40. Já o estilo visual recebeu sua inspiração na arte de Radomski, incluindo o icônico visual gótico que a série trouxe para Gotham City, que foi derivado de seus projetos iniciais.

Além disso, veio de Radomski a ordem permanente para que o departamento de animação pintasse todos os fundos usando cores claras em papel preto, em plena oposição ao padrão da indústria de usar cores escuras em papel branco, essa combinação visual distinta de imagens “Noir” e design Art Deco recebeu a alcunha de “Dark Deco” pelos produtores.

Por ser voltada para um público mais adulto, tendo um foco divergindo das anteriores adaptações que sempre mostravam o Batman como um típico personagem de desenhos animados infantis, a série do Cavaleiro das Trevas em sua constante busca para tornar o visual mais sombrio, os produtores conseguiram atingir os limites da ação animada, fazendo com que a série retrata-se cenas de violência física total contra antagonistas, inclusive conseguindo acrescentar armas de fogo realistas, diferente de outras animações que usavam armas laser, mesmo assim eles omitiram mortes por armas de fogo, apenas um personagem foi ferido, o Comissário Gordon, no episódio “I Am the Night” (Eu Sou a Noite) onde ele foi visto ferido após o término do tiroteio, assim como nas HQs o Batman lutava unicamente utilizando de socos, pontapés e seus famosos Bat-Gadgets contra seus antagonistas, a existência de sangue era quase nula.

Kevin Conroy, dublador do Batman & Mark Hamill, dublador do Coringa

Mesmo conseguindo essa “vitória”, os produtores Timm e Radomski declararam que continuavam encontrando resistência por parte dos executivos do estúdio, no entanto com o sucesso do primeiro filme do Batman sob o comando do Burton, eles conseguiram fazer com que a série embrionária sobrevivesse o suficiente para ser produzido episódio-piloto, chamado de “On Leather Wings” (Asas de Couro).

Instantaneamente a série recebeu uma ampla aclamação pelo seu estilo visual e sua animação madura, tornando-se um hit entre os f. A audiência de uma ampla faixa etária elogiaram o desenho, principalmente em decorrência de seu tom cinematográfico e suas tramas.

Kevin Conroy, o dublador do Batman, utilizava duas entonações distintas que conseguia diferenciar as vozes de Bruce Wayne e do Batman, ao semelhante ao que o dublador Bud Collyer havia feito com o Clark Kent/Superman na antiga série do Homem de Aço feita pelo Fleischer Studios, e como o Michael Keaton tinha feito nos filmes. Além do Conroy, a produção conseguiu trazer um elenco de dubladores que incluía grandes atores que emprestaram suas vozes a vários vilões clássicos do Cavaleiro das Trevas, entre eles tivemos o ator John Glover, que ficou encarregado de emprestar sua voz para o Charada.

Dentre todos os nomes chamados para a dublagem, podemos citar o do ator Mark Hamill, famoso por seu papel como o Cavaleiro Jedi Luke Skywalker da trilogia original de Star Wars, Hamill primeiramente fez uma pequena aparição dublando o personagem Ferris Boyle no episódio “Coração de Gelo”, depois ele perguntou à equipe de produção, composta por Timm, Radomski e Romano, se poderia voltar e interpretar um dos vilões da série.

Os dubladores Márcio Seixas e Darcy Pedrosa.

Nesse meio tempo o ator Tim Curry, que havia sido escalado para dublar o Coringa, e já havia até gravado alguns episódios, no entanto o ator acabou desenvolvendo bronquite e teve que deixar a série, com isso Hamill foi chamado e seu sucesso foi tão grande que estabeleceu uma nova carreira para si próprio na indústria da animação, através de sua interpretação “alegremente perturbada” do Príncipe Palhaço do Crime, o insanamente louco Coringa.

Já a dublagem brasileira ficou nas mãos do estúdio de dublagem Herbert Richers e deve a direção da dupla Sumára Louise
Ettore Zuim. Para as vozes do Batman e do Coringa foram chamados os dubladores Márcio Seixas e Darcy Pedrosa, curiosidade: o Pedrosa já havia dublado o Coringa no filme dirigido pelo Tim Burton em 1989.

Batman & Robin, a Dupla Dinâmica

Mark trabalhou para criar uma risada multifacetada para o Coringa, de tal forma que ele poderia mudar o tom das risadas, como forma de refletir o humor do momento do Coringa, comparando-o a um instrumento musical, com isso essa interpretação do Coringa conseguiu ser considerada uma forma inovadora para a indústria de dublagem, levando o Mark Hamill a ter uma carreira de dublagem de enorme sucesso. Hamill, que com o passar do tempo acabou se tornando o maior fã das HQs do Batman entre o elenco, creditou suas risadas ao seu trabalho, em 1983, nos palcos da Broadway quando ele interpretou por nove meses o papel de Wolfgang Amadeus Mozart no musical Amadeus.

As dublagens foram gravadas, sob a supervisão de Andrea Romano, diretora de voz de 99% das animações da DC, com os atores juntos em um estúdio, ao contrário da maneira como os outros filmes animados era gravados como é típico, no qual os principais atores gravavam as vozes separadamente e nunca se encontravam.

Alguns dos membros da Galeria de Vilões do Cavaleiro das Trevas

De acordo com alguns atores, essa forma de gravar as vozes foi um dos grandes benefícios para o desenho como um todo, possibilitando que os atores “reagirem” a outras vozes, no lugar de simplesmente “lerem as palavras” dos outros personagens, tomamos por exemplo o empenho do Mark durante as gravações, onde ele gravava todas as suas falas em pé, diferente dos demais atores que permaneciam sentados, isso acabava intensificando ainda mais sua atuação como o Coringa.

Alguns episódios da série, como “Nothing to Fear” (Nada a temer), “Two-Face” (Duas-Caras), “The Demon’s Quest” (A Busca do Demônio) e “The Laughing Fish” (Peixes Risonhos) são consideradas extremamente fiéis a versão publicada do Batman nos anos ’90. Ao mesmo tempo, temos episódios que reformularam as origens dos vilões, como por exemplo “The Clock King” (O Rei dos Relógios) e principalmente com o episódio “Heart of Ice” (Coração de Gelo), no qual a origem dele foi totalmente reformulada, deixando para trás aquele arquétipo de vilão de quadrinhos unicamente obcecado em fazer crimes com temática no frio, passando a ser mostrado como um grave e trágico Supervilão para uma figura trágica cujo exterior gelado escondia um grande amor condenado, que ele converteu em fúria vingativa. A aceitação foi tão grande que esse episódio ganhou um prêmio Emmy Awards.

Falando ainda em mudança em personagens da galeria de vilões do Batman, um que sofreu uma transformação radical foi o Oswald Cobblepot, mais conhecido como o Pinguim, que aqui passou por grandes mudanças para a série; sua aparência, fortemente inspiradas na versão mostrada no longa “Batman Returns” de 1992, que estava em produção simultaneamente com a primeira temporada da série.

O mesmo aconteceu com o episódio “Robin’s Reckoning” (O Ajuste de Contas de Robin), episódio duplo que foi considerado uma das histórias mais maduras e icônicas sobre a origem de Dick Grayson, a identidade secreta do Robin. Ele também foi vencedor do prêmio Emmy Awards de 1993.

Harley Quinn, criada especialmente para a série

Uma das criações mais conhecidas da série foi a assistente do Coringa, também conhecida como Harley Quinn (Arlequina), cujo identidade verdadeira é Harleen Frances Quinzel, ela era uma psicóloga do Asilo Arkham que se apaixonou pelo Coringa. Ela é uma criação da dupla Paul Dini e Bruce Timm, fazendo sua estreia no episódio “Joker’s Favor” (“Um Favor para o Coringa”), apesar da intenção original de Dini e Timm de que a Arlequina iria aparecer apenas naquele episódio específico, a reação positiva do público e da crítica foi tão grande, que eles não tiveram outra alternativa se não incluir ela em diversos outros episódios. Tal atenção culminou na transição da personagem para os quadrinhos em 1993.

Falando sobre o Coringa, embora sua origem nunca seja mostrada na série, parte de seu passado é mostrado no longa-metragem animado “Batman: Mask of the Phantasm” (Batman: Máscara do Fantasma) de 1993, onde é cenas de flashbacks, descobrimos, que antes do acidente que o transformou, ele era capanga de uma das famílias mafiosas de Gotham, no entanto em nenhum momento o seu verdadeiro nome é pronunciado.

No entanto no episódio “Dreams in Darkness” (Sonhos na Escuridão), o Dr. Bartholomew, um dos psiquiatras do Asilo Arkham, cita que o verdadeiro nome do Coringa é Jack Napier, o mesmo nome da versão apresentada pelo ator Jack Nicholson no filme “Batman” de 1989, o mesmo ocorre no episódio “Joker’s Wild” (O Cassino do Coringa), onde o mesmo nome aparece escrito em um dossiê.

A utilização desse nome para o desenho se deu por causa da grande padronização em decorrência ao sucesso do filme de Tim Burton, porém quando a série mudou para “The New Batman Adventures” (As Novas Aventuras do Batman), mudança essa que ocorreu durante a era dos filmes do Cavaleiro das Trevas dirigidos pelo Joel Schumacher, a origem do Coringa foi mantida, mas sua identidade foi recontada como sendo apenas um dos muitos apelidos, isso pode ser conferido no episódio “Beware the Creeper” (Cuidado com o Creeper), o que nos leva a pensar que a sua verdadeira identidade continua um mistério. Isso refletiu os esforços dos roteiristas para colocar o personagem de volta em linha com suas múltiplas origens conflitantes dos quadrinhos.

Versões americanas e brasileiras dos romances inspirados na série animada

Com o sucesso da série animada, a Warner Bros. lançou três romances baseados em episódios da série, eles foram pelo autor de ficção científica Geary Gravel, que já havia adaptado o longa “Batman: A Máscara do Fantasma”. Para que os livros ficassem ideais para serem rotuladas de romances, Gravel combinou dois episódios, conseguindo relaciona-los em um único enredo em cada romance.

Os romances lançados nos Estados Unidos foram:

*Batman: The Animated Series – The Dragon and the Bat (Batman: A Série Animada – O Dragão e o Morcego), que adaptou os episódios “Night of the Ninja” (Noite dos Ninjas) e “Day of the Samurai” (Dia do Samurai).

*Batman: The Animated Series – Shadows of the Past (Batman: A Série Animada – Sombras do Passado), adaptando os episódios “Appointment in Crime Alley” (Encontro Marcado No Beco Do Crime) e o episódio duplo “Robin’s Reckoning” (O Ajuste de Contas do Robin).

*Batman: The Animated Series – Dual to the Death (Batman: A Série Animada – As Caras da Morte) que adaptou os episódios duplos “Two-Face” (Duas Caras) e “Shadow of the Bat” (A Sombra do Morcego).

Já em território brasileiro a incumbência de publicar essas obras foram da editora Abril, no entanto apenas os livros “Batman: A Série Animada – Sombras do Passado” e “Batman: A Série Animada – As Caras da Morte” foram publicados na década de ’90.

 

A série “Batman: The Animated Series” rapidamente recebeu uma ampla aclamação pelo seu estilo visual e animação madura fazendo com que ela, instantaneamente, se torne um “hit” entre os fãs de uma ampla faixa etária, o tom cinematográfico, a escrita, o design de arte, a dublagem, a trilha sonora orquestrada e modernização do material de origem do Cavaleiro das Trevas, foram os pontos que receberam diversos elogios. Toda essa aclamação rendeu várias premiações do Daytime Emmy Awards, bem como do Primetime Emmy Award de Melhor Programação Animada.

Você pode gostar...